Funkero
Ruas Vazias
[Verso 1: Shawlin]
Quando se vai a luz do dia, a luz do poste é que guia
Eu tava tão rodeado de prédio, irmão, nem a lua se via
Nem uma rua se via, mas isso já é de costume
Pois outro bando de humanos a invade feito cardume
São noites quentes, sempre tem gente que entra em frias
E sob o céu cheio de estrelas, anda por ruas vazias
Ali sozinho sentia que o lugar todo dizia
Tu não devia tá ali, só aquele pichador na esquina
Aquele grupo de gari e um segurança a dormir
Aqui o destino provável de quem vacila é sumir
Vários menores de idades completamente à vontade
De dia em minoria e a noite são os donos da cidade
Meu outro habitat, sem ninguém pra conversar
Só um café meio frio pro corpo não protestar
Mantém seus olhos bem abertos pra nenhum outro vim contestar
Muitos querem testar, juro, vão detestar

[Refrão: Shawlin, Funkero e Zé Bolinho]
Eu não preciso dizer nada que o turno da noite fala
Só os vagabundo nato com a lata na madrugada
Tá fora da tua alçada perigo em qualquer calçada
Só os vagabundo nato, com assalto a mão armada
Neguin, não tem caô, se garante ou então vaza
Pois se todo gato é pardo, tá pronto já é outra parada
Só busão e taxista, CET Rio e frentistas
São os poucos na pista, e assim segue a nossa lista

[Verso 2: Zé Bolinho]
Tá tudo pronto pro trabalho, já armei minha banca
Concentrado nos negócio sem dar muita importância
Pois enquanto cê descansa nego perde a inocência
A maldade transmitida no olhar de uma criança
É por aqui que transita entre rato, barata, puta, mendigo
Loucos em todos cantos que for
Empurrando meu carrinho, arrastando isopor
Sob a luz da lua, a base de fé e suor
Eu tô no ponto que é meu, sou o dono dessa esquina
Vendo guaravita, cerva, pó, erva e aquela mina
Madrugada lucrativa, lunática e nociva
Pra quem dela se faz pra quem dela é feito
Mesmo sem nada em cima é elemento suspeito
Uma situação normal pelos lados quinze
Alpinistas urbanos bombardeando as marquizes
Em meio a tantos insanos é só um retrato da crise

[Refrão: Shawlin, Funkero e Zé Bolinho]
Eu não preciso dizer nada que o turno da noite fala
Só os vagabundo nato com a lata na madrugada
Tá fora da tua alçada perigo em qualquer calçada
Só os vagabundo nato, com assalto a mão armada
Neguin, não tem caô, se garante ou então vaza
Pois se todo gato é pardo, tá pronto já é outra parada
Só busão e taxista, CET Rio e frentistas
São os poucos na pista, e assim segue a nossa lista

[Verso 3: Funkero]
Ruas vazias, matina, selva segue dormente
Pista tá foda, mó frio, mas o asfalto tá quente
Sombras com rostos nocivos entorpecem sentidos
Desde pequeno eu achei que prédios parecem vivos
Cidade é um corpo humano, as ruas são artérias
Sentimentos estremados ganham formas etérias
Estrelas brilham chorando, Rio colombiano
Silêncio cotidiano é igual canto gregoriano
Atividade na laje, menózim dá um dois
Largando chumbo pro alto em homenagem a quem se foi
Suborno da viatura, a rua vazia viu
Retrato em preto e branco da nossa guerra civil
A chuva na madruga lava a alma das ruas
Quem é fora da lei joga com a vida nas ruas
Solidão do mundo se reflete nas ruas
Mesmo estando vazia ainda há vida nas ruas

[Refrão: Shawlin, Funkero e Zé Bolinho]
Eu não preciso dizer nada que o turno da noite fala
Só os vagabundo nato com a lata na madrugada
Tá fora da tua alçada perigo em qualquer calçada
Só os vagabundo nato, com assalto a mão armada
Neguin, não tem caô, se garante ou então vaza
Pois se todo gato é pardo, tá pronto já é outra parada
Só busão e taxista, CET Rio e frentistas
São os poucos na pista, e assim segue a nossa lista