Woner
A Lua fugiu sem mim/Estragado
A lua fugiu sem mim
[Verso]
Deixa que o vento sopre as palavras que eu não disse
Que embale o meu corpo enquanto me castigo pelo que não fiz
É ridículo a vergonha que sinto de mim
E eu não penso estar a fim de suportar mais um dia
Sem que isto mude
Procurar algo bom nas ruínas de quem fui
Dou voltas á cabeça, estou perdido neste labirinto cínico
Como ar que abate o meu físico
O meu corpo é um peso que cai sem destino
Já não peço ajuda, sei que fui esquecido
Dou-me ao auto-flagelo só para fingir que sinto
O meu corpo adora dor e eu esqueço que existo
A cor das minhas mãos é igual à das paredes
Igual aos do meu pulso, do meu peito e dos meus medos
Igual aos pesadelos que saboreio com os meus olhos cegos a tentar relembrar momentos
Já faz demasiado tempo que nado neste mar de gente
Não olhem para mim
Eu não consigo respirar
Pisem-me, sou invisível como sempre
Deixa-me em paz, quero partir e não voltar
Já faz demasiado tempo que caminho sem te ver
Sem te ter, sem saber qual é o teu sentimento
Estou morto por dentro
[?] que mim sufocam
O que não me mata não me torna forte
Torna-me mais louco
Deixa cair no precipício
Embalado pela solidão que habita no meu íntimo
Sim, eu estou perdido
Nada resta do sorriso
Vou mostrar a toda a gente que eu não passo de um lixo
Nunca passo disso e é assim que me sinto
Por que é que fugiste e não me levaste contigo
Eu teria fugido e feito que resultasse
Eu só queria que tivesses ao meu lado
Hoje as minhas veias falam alto
Mais alto que nunca
Eu não aguento não ceder ao que sussurram
Escondido nas sombras das minhas sombras que tenho atrás
Só quero estar sozinho
Deixem-me morrer em paz
Hoje destruí o meu abrigo
Já nada faz sentido
Estou demasiado fraco
Soltar um grito
Será que não vês que me estou a afogar
Volta e beija as minhas veias, tudo será melhor

[Refrão]
E eu não gosto de mim
Mas gosto de ti
Vamos morrer os dois neste chão sujo
Beija as minhas veias
Consome as minhas veias
Faz-me sentir que estou noutro mundo

E eu não gosto de mim
Mas gosto de ti
Vamos morrer os dois neste chão sujo
Beija as minhas veias
Consome as minhas veias
Faz-me sentir que estou noutro mundo

Vê como debaixo da minha pele é tudo bem pior
Vê pelos meus olhos para saberes como é estar morto
Embebeda-me com memórias tuas
Eu sei que não sirvo para nada
Para nada

Estragado
[Verso]
A tua falta de falar comigo doi como mil facas no meu corpo
Sinto-me morto
Nunca me senti tão insignificante
Tão lixo
A sério
Nunca estive tão sozinho a precisar de um ombro
Mas não importa
Hoje faço casa no castelo dos meus sonhos
Enquanto que me magoo com a merda daquilo que fomos
Transformo tudo em pesadelos
Mas acredita, eu vou-me levantar e arrancar este papeis colados a mim que dizem
"Tenho o coração partido"
"Estou-me a tornar um homem frio"
E aqui faz frio
Sim, adoras mas não dizes mais vezes
Se sabes que isso me põe um sorriso
É que aqui faz frio
A sério
Não me lembro da última vez que estive tão rodeado de comprimidos
Tão rodeado de [?] e pontos de interrogação
Eu fico feliz por ver-te
Eu fico feliz por ver fotos de [?]
Ver que tens a vida preenchida
Mas eu sou humano
Também tenho sentimentos
E ver que não me preocupas comigo magoa-me
Ver que não perguntas se estou bem
Se preciso de algo
Se estou a lidar bem pelo facto de me teres partido e mil pedaços magoa
Tenho tanto p'ra te contar
Tanto p'ra te perguntar
Nem soubeste que me tentei matar
Mas eu mereço isto porque eu sou lixo
O palhaço
Mas também sou humano e não tenho culpa de existir
Estou só estragado