[Verso 1]
Por várias vezes, já tentei falar
Têm poucos para ouvir, muitos pra escutar
Uns desanimados, o RAP tá embaçado
Nóiz somos movimento, mas tamo parado
Fazer o que, né? Os dois lados da moeda
Uns tão envolvidos, outros tão de paraquedas
É favelado querendo ser boy, boy querendo ser favela
Mas no final, quem corre mesmo por ela?!
Vou dar um salve pra quem não sabe
O rap tem base, bagulho não é fase
Hoje a favela é moda nas tela
Cidade de Deus, Tropa de Elite, novela
Nóiz grava disco, lança livro, faz até Sarau
Nóiz lava a alma e depois põe pra secar no varal
Toca nos carros, toca nas rádios
Enche a auto-estima, tipo torcida no estádio
Ergue meu povo, chega somando
Só que pros boy eu ainda sou só mano
Que fala na gíria, de preto e de túmulo
Moleque brilha e eles acham o cúmulo
Finge que não gosta, despreza, desfaz
Duvido que eles nunca ouviu Racionais
[Refrão]
Poucas palavras, tio, vou ser breve
Se a história é nossa, Deixa que nóiz escreve!
(Escreve, escreve, escreve…)
[Verso 2]
Deixa eu falar, antes que você esqueça
Mundão tá louco, de ponta-cabeça
Por 10 real, mulher mata o Amasio
Princesa vira bruxa por anel de topázio
E a morte é um bom jeito de ganhar a vida
Que o diga as funerárias e as polícia
Pra quem vive das merrecas dos “burguês”
Pior que o fim do mundo, é só o fim do mês
De vez em quando, ainda alimento o meu sonho
Quando a esperança entra na “reserva”, eu componho
Transformo em rima tudo o que eu passo
Isso é o que faço, RAP arregaço
Não quero ganhar, eu quero vencer
É bem diferente, deu pra entender?
[Refrão]