Nego E
Autorretrato
[PARTE I]

Desde 91, pra sociedade suspeito padrão
Só na cidade, a oportunidade faz o ladrão
Buzinas, sirenes, sagacidade
Saga na sina, solene, perene pela verdade

No jornal factoide, a nova febre é tifoide
Obedece, iOS, Siddharta, Herman Hesse
Rodeado de estresse, seu sistema é Android
Instantâneo, Polaroid. Paredes quebro, Pink Floyd

Chevalier, Carl Zeiss na pele de Gordon Parks
Shaft no draft, pronto pros embarques
Blaxpoitation, latentes, Zulu Nation nas mentes
Se da pala, a vida fala, respeito aos expoentes

Foco entre Hocus Pocus, blocos, quem são porcos sei
Oposto, toco e troco o posto em loco quem são Opus Dei
84 bichos: revolta sem precedentes
Annie Leibovitz, minha vida através de lentes

[REFRÃO]

Seja bem vindo ao autorretrato
Vim e venci onde minha voz é meu contrato
Cada foto uma vida, cada vida uma escolha
Cada escolha uma renúncia, provo o que escrevo na folha

Um click, um rec (3x)
Vivo mantenho o foco
Um click, um rec (2x)
Autorretrato é coletivo nosso ataque é em bloco


[PARTE II]

Objetivo é ser mais que Photoshop e refrão
Retrato por olhares, vi uns virarem cifrão
Comprova que sofre pelo cofre, revira o arquivo
Vida é fotografia, tiro o melhor do negativo

É sangue frio tru, eles usam filtro
Eu prefiro ao natural, tamo a mil tru
Acende o pavio tru, um dois, nem me viu tru
Quem falou, mentiu tru, (shiu!) nem um piu, tru

Autorretrato é clique sem ego, não nego raiz ancestral
Selfie olham pra dentro, olho pro céu fi é meu ritual
Hologramas, e-mail, fax e caixa postal
Avanço seria o táxi parar ao meu sinal

Sou Niépce, tem que ser, não conduz cópia
No apse, na câmera escura tenho luz própria
Uns querem cruz pra ganhar fama ou na lama busca atalho
O meu tripé? Trabalho, trabalho e mais trabalho

[PARTE III]

Ninguém acreditava em mim, até eu acreditar em mim (2x)
Até eu acreditar em mim, ninguém acreditava em mim (2x)

Te põem na moldura, cê aceita ou é descartado?
Marcha rumo ao precipício com olhos fechados
Renovo, não aprovo e vejo de novo
Querem tapetes vermelhos com o sangue do nosso povo

Sou analógico no mundo digital
Fugi do habitual lógico, Tim Maia racional
Em cada canto conto, e seco o pranto, alívio por ponto
Transcrevo o que vivo, sinto e só ouve quem tiver pronto

[REFRÃO]