Fabio Brazza
Mistura Aê (Intro)
É o canto que vem de algum canto
Da gente matuta do nosso Brasil
De um caipira de um capoeira
Ou de uma lavadeira na beira do Rio
É o batuque dos Bantus
O canto dos Tupinambás
E mistura aê, mistura pra ver no que dá
É nosso maior tesouro ioru-ioru-iorubá
E mistura aê, mistura pra ver no que dá

Abençoada seja a mistura
Da pele clara com a escura
Que enriqueceu a cultura de um país inteiro
Abençoada seja a diversidade
Que firmou a identidade deste povo brasileiro
E mistura aê, mistura pra ver no que dá
Somos essa miscigenação espontânea
Essa miscelânea, essa galhofa
O branco com preto e o amarelo, o arroz o feijão e a farofa
E mistura aê, mistura pra ver no que dá
Transformamos o que tocamos como um mágico
Um povo antropofágico, que se alimenta de outros povos
Feito um feitiço, feito fetiche, vira mestiço, vira maxixe
Do lamento da senzala ao lamento da roca, oh coisa nossa
A Palhoça, o pandeiro de couro, nosso choro nossa bossa Coisa nossa
O cordão de ouro de mestre Besouro
Discípulo de mestre Alípio, príncipe preto de princípio
Com capoeira não há quem possa, se bobear leva uma coca
E capoeira, capoeira camará (Poeira)

Paranauê, paranauê, Paraná (Poeira)
E o tempo passa e a vida não adoça
Pra quem carregou saco e puxou carroça

Desigualdade, preconceito, também é coisa nossa
Ô-ô-ô-ô
Ô-ô-ô-ô
Do Oiapoque ao Chuí
Hip-Hop Tupi, tropicália tupã
Xangô chamou Xamã, oxente
O rap aqui sempre foi cururu embolada e repente
Nossa língua, nossa gíria, nosso jogo de cintura
Nosso jongo, nossa ginga, se swinga
Quem segura? Quizumba, quilombo que lembra Zumbi
Tombando tabu, sou lundu, Caxixi, Cambuci de argila
Tarsila, sou Abaporu, como Oswald de Andrade
Come, janta e almoça
Devora digere, se apossa, coisa nossa, desconstruir
Eis a questão
Ser ou não ser
Tupi or not Tupi