Veio, no meio da tarde clara
Do alto da montanha um barulho ensurdeceu
Do seio do céu, um grande dragão de lama
Olhando da janela Mariana entendeu que era o fim
A muralha cedeu
Corram para os montes, corram salvem suas vidas
Deixem tudo para trás, não haverá despedidas
Vi sucumbirem casas, carros
E a bandeira verde-amarela do erro revela
O enterro que o país inteiro vela
De cima do morro entendeu a dimensão da distopia
Se deixasse de olhar para frente simplesmente pararia
E lá de cima constatou, tudo o que conquistou acabou assim
Olhando da montanha Mariana entendeu que era o fim
A muralha cedeu
Corram para os montes, corram salvem suas vidas
Deixem tudo para trás, não haverá despedidas
Vale dos homens perversos
Ergue a bandeira do orgulho que a culpa condiz
Revela o valor que uma vida tem nesse país
Água laranja que enterra
O cheiro de ferro arranja o cortejo
E a lava que desce da serra
Desliza jantando o mundo que eu vejo
Berros e buzinas gritos fatais
Velhos e meninos, sinas iguais
Vida que então conhecemos acaba mais cedo
E o grito de medo ressoa o fim
A muralha cedeu
Corram para os montes, corram salvem suas vidas
Deixem tudo para trás, não haverá despedidas
Vale dos homens perversos
Ergue a bandeira do orgulho que a culpa condiz
Revela o valor que uma vida tem nesse país