Lessa Gustavo
Assim na Terra como no Céu
[Verso 1: Estranho]
Mundo de fora cresce em proporção ao de dentro
Enquanto não se mexe, lá fora é movimento
Muito vento
Fechar a janela atrasa o desenvolvimento
Momento de tensão, tensão só de momento
Parado dos dois lados correndo ao mesmo tempo
O corpo é mesmo um templo e esse Deus só quer criar
Fiéis em motim
Ele não dá exemplo, mas cobra mesmo assim
O prêmio de pai do ano vai para Chronus
Lembra de cada filho sem abandonar seu trono
O passado tinha sonhos maiores
O presente contém planos melhores
O futuro é só remédio pras dores
Tijolos pros lares dessa imaginação
Pintando flores pra enfeitar o caixão
[Verso 2: Lessa Gustavo]
Feriadão com chuva, emoções humanas
Caroço da uva complicando a trama
Aponto de dedos e eterno conflito
E há quem pensa que tudo se resolve no grito
De burrice ou de rancor
Plantou-se agredido, colheu-se agressor
Pago pecado rezando deitado nesse chão sujo, gelado
E a bigorna tem seu peso esmagador
Quando tudo se resolve a nada
Gato preto debaixo da escada não dá a pata
Na calçada atrás de prazer ou desgraça
Gata Marie dos Aristogatas vira a cara
Eu fiz um pacto com Dorian Grey
O retrato do capiroto
Tô repassando o que eu não sei
Talvez jogando pérola pra porco
Talvez
[Verso 3: Eloy Polêmico]
Façamos robôs à nossa imagem e semelhança
Defina o que é criança enquanto tu combina uns doces
E critica as poses, posses, com Jesus nas preces
Defenda como um filho tua ignorância
Transmita e dissemine, enfim, essa doença do século da pança cheia e insatisfeita. Pensa!
Cresci criado a bença
Deuses na terra entram em guerra
No Olimpo não há dólar
Mas lá também é onde o ego berra
Assim o solo infértil como num paraíso hostil
Me desdobrando feito Neo
O peito cheio e o coração vazio
O karma que desvia o darma
Encarna a carne e pasmem
Missão renova encare a carie e o dente podre
Oxalá engula o choro, é o coro de seus filhos
Te pedem luz mas não andam nos trilhos