Lessa Gustavo
​faxina em lacunas empoeiradas
[Verso 1: Lessa Gustavo]
Eu precisava sentir umas dores
Sentir o cheiro daquelas flores raras que eu nunca soube a pronúncia
Algo anuncia que era aprendizado
E se largassem maços de chumbo ao meu lado nenhum deles seria tragado
É que há problemas demais, pessoas demais, motores demais
E a maioria ainda tá sendo usado
Me perguntaram porque cavo mais
É que a cidade tá sofrendo inchaço e eu sou arqueólogo
Ruínas do que fomos um dia
Versos bordeis que se tornaram patrimônio histórico
Negando Acordes da Sinfonia
Ou vasculhando algum lugar inóspito
Lacunas empoeiradas recebendo faxinas
Porque problemas são semelhantes a cômodos e eu cobro a diária
Doeu em mim te ver dormir no pântano
Enquanto a lama se acumulava
E o monstro criava, lagartos, pinturas, doenças e pragas
Faxina em lacunas empoeiradas
Enquanto corpos se distratam na calçada que grita
Faxina em lacunas empoeiradas

[Verso 2: Sedex]
Meus tempos sem notícia diz que eu tô parado
De um lado só
De um lado sobe desce em porres
De outro sóbrio movimento alado
Eu só vi um velho consternado por não externar o sódio encrustrado
É que me vejo nele em meio ao caos velado
Ver lados foi tal classe de um passista
Em passo a passo passo por passado de um artista
Aos olhos de quem me administra tô entre o arquétipo de um coroa ético ou um caquético velho tabagista
São equações pendentes ou mal resolvidas
Levantam as mãos tal zumbis sob epitáfios
Estavam mortos e enterrados em suas desculpas pífias
E eu ultimamente fingindo que não conheço vários
Faces do mal costume em pessoas
Regado de personas fui Fernando Pessoa
Ao contrário do que sonha fui grito que ecoa na pessoa de quem sou e suo
Chega a soar estranho o espanador pra explanar a dor mas...
Faxina em lacunas empoeiradas
Questão de utilidade pública, necessidade íntima
Faxina em lacunas empoeiradas