Thiago Elniño
Quem é o Inimigo?
[Verso 1: Tamara Franklin]
Seres sem face, massa de manobra
Guerra de classe, matéria prima mão de obra
Pretos sem base, ódio e disposição de sobra
Para se armar contra os seus o apetite dobra

Ribeirão das Neves, Minas Gerais, Brasil
Tamara Franklin, o eu lírico da historia que não se ouviu
Só se sentiu, revolta qualquer favelado
Onde o esgoto é a céu aberto e os corações são fechados

Vida hostilizada pela localização geográfica
As peças da ROTAM controlam a densidade demográfica
E é preto contra preto lutam por medo da sorte
Irmão que mata irmão suja as mãos com a própria morte

Manipulação na tela que padroniza a mentira
Se somos todos iguais para que serve a hierarquia
Justifico o risco e sigo, entre karmas e castigos
Entre traumas e perigos eu sei bem quem ta comigo

[Refrão: Thiago Elniño & Tamara Franklin]
Pretos, quem são os inimigos?
Preto contra preto não representa razão
Pretos, quem são os inimigos?
Homens que matam pretos não me representarão

[Verso 2: Thiago Elniño]
Mais uma estrela que deixou de brilhar
Não sei se era mais um Silva, mas vivia aqui nesse mesmo lugar
Onde sobrenomes registram o histórico da desgraça
Que de geração em geração, de família em família passa

Meu nome é Elniño, Thiago Henrique Miranda
É assim que me apresento
Em lugares onde a burocracia comanda
Ativo na demanda de
Fazer meu povo entender
Que a paz só reina onde o amor quem manda

Mas aqui oi molho desanda quando preto mata preto
O estado assiste de longe a execução do seu plano perfeito
Abandona eles lá para se mata
Nos não gostamos deles mesmo, nem vamos precisa encosta

Eu vim de lá, Ibirité, Minas Gerais, Brasil
Aposto que a TV falando bem daqui cê nunca ouviu
Mas pra puta que o pariu, quem tenta desqualifica
Eu falo porque eu sou daqui, mais ai de tu se tu fala

[Refrão: Thiago Elniño]
Pretos, quem são os inimigos?
Pretos, quem são os inimigos?

[Verso 3: Rincon Sapiência]
As histórias da maloca tão virando filme
Cada um com seu revolver tiro a gente troca
E quem lucra com essa guerra segue sempre firme
Assistindo tudo isso comendo pipoca

Todos pretos, mas nem todos do mesmo time
Droga, arma, grana por eles a gente choca
Carnaval anestesia vida que reprime
E o terror na casa do inimigo nos não toca

Danilo, SP, Itaquera, LL
Tom de pele, igual dos corpo do IML
Na minha mente, confio que o amor é quente
Mas o ódio engatilhado faz que a perna gele

Faço versos pretos, tamo escurecendo
Preto versos preto, desfavorecendo
Diplomas pra preto, número crescendo
Progresso para nós, por que merecemos

[Refrão: Thiago Elniño & Tamara Franklin]
Pretos, quem são os inimigos?
Preto contra preto não representa razão
Pretos, quem são os inimigos?
Homens que matam pretos não me representarão

[Vinheta 03]
- Sue moço, não é uma questão de dar ódio pros outros, é uma questão de não deixar faltar amor pro seu povo. Às vez paz é a entrega plena na luta pelo que é justo. Mas o que que é justo, seu moço?