Rincon Sapiência
Afro Rep
Letra de "Afro Rep" por Rincon Sapiência Água mole, mole, pedra dura, dura
Quando bate fura, se vai pro debate
Quero minha carteira gorda, gorda, gorda
A gordura boa, como abacate
Pega a visão, lição
Nossa abolição é nosso combate
Cachorro bravo fica quieto quieto
O cachorro manso late, late, late
Chave, chave, chave, chave, chave
Tamo abrindo porta só com alicate
Zica memo, nois é batuquero
O navio negreiro não era iate
Seja mansão, pensão
Nossa oração toca na boate
O orgulho preto tá no cativeiro
Vou fazer dinheiro pra fazer resgate
Música é um condomínio
Nesse edifício eu sou residente
Acolhido, eu sou escolhido
É bem diferente desse presidente
Troco tiros como bangue-bangue
Tipo gang bang tão fudendo a gente
Faço verso e tô dando sangue
Sempre livre, absorvente
Evi, evi, evi, evidente
Temos coisas para exibir
Quando dizem que é mimimi
É assim que nascem os meus inimi
Classe média não pega nada
Quando toma enquadro
Quando pega baga
Detergente vira detenção
Quando é negão, tipo Rafa Braga
Erva roxa como beterraba
Eu adoro quando mexe a raba
O detalhe é que não meto o louco
Porque durmo pouco quando a festa acaba
Papo reto, eu sou tipo Beto
Também sou Jamaica, picadilha Shabba
Rincon e gueto, esse é meu dueto
É que nem o Fernando e o Sorocaba
Vira copo, vira catuaba
Meu trabalho tá virando saque
O que eu uso vira referência
Mas a concorrência quer que eu use crack
Picadilha PlayStation
Jogo com as palavras, esse é meu ataque
Fazendo coisas de Cleiton
Eu mando um salve para o William Waack
Gingando igual capoeira
Virado tô no Jiraiya
Voado tipo uma raia
Deixo que falem besteira
Cheio de sacola na feira
Geladeira cheia na baia
Sou o criolo de saia
Que na crise deu uma rasteira
E bem de perto eu vim ver
Na rua faço o meu jet
Tamo na era da internet
Mas gosto mesmo de viver
A mente é como Tinder
Juntando as rima que deu match
É o Afro Rep que promete
Surpresas vêm como Kinder
Eu vim da lateral, do gol eu jogo perto
Mais em forma que os novinho, meu flow é o Zé Roberto
Meu ano como Cristiano, tenho prêmios tenho marcas
Um afro que afronta e as contas nóis arca
É tipo moto sem placa, perseguido quando acelero
Vivendo como um rockstar, minha vida não é bolero
Ignoro lero-lero, porque nos dígitos eu quero
Acumular mais zeros, é por isso que eu trampo, não espero
Sincero, Cohab 01 a arena
Cultura de periferia, onde a música vive por anos plena
Que nem a Gloria Maria, celebração e luta
Nos cultos e missas adoram falar de amor, mas a macumba ele diz que chuta
Colorindo como capulanas, juntando manas, reunindo truta
Tambores pra nós como vencedores, que toda semana tamo na labuta
África é longa metragem, mas eles querem que seja um curta
Fui sábio, lembrei do MC GW e falei assim: atura ou surta?
Dramaturgo tipo Suassuna
Mas eu odeio dramas, dizem que somos comunas
Pra eles é um sacrilégio perder privilégios
Por isso têm medo do gueto levantar fortunas