[Verso 1]
Eu conheci um cara
Que a carne é por dentro do osso, eu sei
Que isso é bem louco, ei, oxe!
Ele ainda curtiu o mangue
Tá aí pensando que é piada
Ele é a mistura de samba, makossa e minha quebrada
É um tambor que batia, minha cidade tremia, estremecia
Alma de matérias que vaga de mentes vazias
Yah, ampliaram a visão, se liga, doidão, ãh

[Verso 2]
Como as flores que nascem no sol em meio ao manguezal
Existe uma história de amor da lavadeira e um marginal
Pescador doidão, ele usou [?], andou nos trinque
Favela da palafita no rio Capibaribe

[Verso 3]
Recife, terra dos mangueboy
Caminhando sobre as pontes lembro da tua voz
Na quarta pior cidade do mundo
Herdei essa cultura da qual sinto muito orgulho

[Verso 4]
Andando por entre os becos, andando em coletivos
Ninguém foge ao cheiro sujo da lama da manguetown

[Verso 5]
Um recifense retorna à lama e não ao pó
(Chila relê dó milindró)
Veja sua imagem nos caranguejos do mangue
O hip hop, o manguebeat, correm no meu sangue
Quando você partiu, Pernambuco desabou
Sensação de mal-estar, logo se acomodou
Hoje ainda se repete, as coisas que tu dissesse
O de cima sobe e o de baixo desce

[Interpolação]
Rios, pontes e overdrives
Impressionantes esculturas de lama

[Verso 6]
Eu me organizando (Mangue)
Eu posso desorganizar (Mangue)
Eu desorganizando (Mangue)
Eu posso me organizar (Mangue)
Os homens sobem o morro com a mesma disposição
Parecem o bando de macaco que seguia Lampião
E o que eles falavam, até hoje meu bonde fala
O tambor do oitão tem coragem, dinheiro e bala

[Verso 7]
E eu fico só urubuservando a situação
Meus pés firmes no chão, minha mente na imensidão
Fazendo música com perfeição no flow
Esse corpo de lama que tu vê é apenas a imagem que eu sou

[Verso 8]
E sobe o morro correndo por dentre os beco da favela
A polícia bota atrás, mas ninguém abre, é nós sequela
E bate de testa a testa, o caboclo se manifesta
Com a lança enfrenta o sistema no sol quente da muléstia
Porque no rio tem pato comendo lama
Mulambo eu, mulambo tu e a gente vai fazendo a escama
Aê, minha véia, deixa essa coisinha aí
Com a mente vazia eu não consigo dormir
Eu vi Zumbi com a Nação virado na gota serena
E com a ciência de Francisco o mangue vai ressurgir

[Verso 9]
É incrível você sobreviver na lama, na lama
Na lama não, da lama e o caos (e o mal)
Concentração, respiração pro caos
Chico, Chave Mestra tem esse rol

[Sample: Nação Zumbi]
Macô, Macô, Macô
Macô, Macô
De lama nada, segura essa garrafa
O Gargalo já tá feito
Tais adivinhando cheia
Olha pra lá, vira a cara não dá bola
Pega uma ficha aí, bota lá na radiola
Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger, ô
Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger, ô
Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger