Chave Mestra
Atlântico Negro
[Sample]
"Este ritmo binário, que é o alicerce principal de quase todos os ritmos da canção popular do Brasil, veio importado de longe, das placas ardentes da África, onde o sol queimou a pele dos homens até carbonizá-la em negro. O compasso, tão simples que reproduz em tom grave as batidas do próprio coração, atravessou o Atlântico sob a bandeira dos navios negreiros, servindo para marcar o andamento de melopeias que vinham dos porões em vozes gemidas e magoadas."
Chegou, chegou o Rei Congo, ê
Chegou, chegou
Chegou, chegou o Rei Congo, ê
Chegou, chegou

[Verso 1]
Hey, man, misturei meu natural com capital
E foi sinistra a sensação de te comprar
Fiquei confuso e nem assisti tudo
O pouco que eu vi, ó, deu nojo de tudo
E nem perguntou, não, se podia
Meteu a mão e disse que queria
Como pode, mas pra quem pode, mas não podia
Respeite a vossa senhoria
Me diga, me diga, me diga

[Verso 2: Himbí King]
Africa unite, you [?] it's sun
From Brazil to you get your hands up
Great man coming from the misery in the past
(cantado em Swahili?)
Africa unite, if you are in your form
You got your nights, stand for your rights
'Cuz your nights, sun for your rights
Put in the game, put in the fight, 24-7
(cantado em Swahili?)
[Verso 3]
As grades hoje são mentais, correntes espirituais
Escravizando pensamentos com preconceitos culturais
O opressor te mostra a paz na bota dos policiais
Os capitão do mato agora andam por aí cuspindo metais
E desde a infância a mídia ensina a mulher a assistir novela
Homem viver o futebol, só pensar o que vê na tela
O conhecimento é oculto, na escola ou na favela
Pregam sua religião e te fazem morrer por ela
Então, intuito e a luz foi dada agora, só nos falta fé
Seja você muçulmano, cristão, católico ou do candomblé
A Terra já nos fez homens ricos e livres pro que quiser
O livre arbítrio da escritura já mostra o que você é
Abram os olhos pro grande mal, a principal razão do problema
Presos pelo capital não enxergam os donos de esquema
Se prende ao que te consome, ao que te faz viver o dilema
Então quebre essas regras fúteis, arrebente suas algemas

[Verso 4]
Axé yaô, olodum maré
Vila Orum, Ojubá, Baíaba, Asé
Alayê, vem me proteger
Cantando em meu ilê
Oloxô iny, me faz sentir tua presença do ilemipi
Olorumba fé, sou gueto de afoxé
Te peço bênça, ôminibú omí djédjé
Somos escravos amarrados, mas filhos do Eletá
E a opressão não nos destruirá nosso Itã-Ifá
Máa bọ̀ ya, ìyá bọ̀ ya, Omi jẹ́jẹ́ Ominíbú
Máa bọ̀ ya, ìyá bọ̀ ya, representados por Exu
Dai-me força, dai-me fé, dai-me voz pro meu candomblé
O navio negreiro veio lotado de Angola e de Guiné
Moçambique, Uganda, Nigéria e Senegal
No Pernambuco de Brasil, Iorubá nos fez igual
Vítimas da violação daquilo que nos torna humanos
Vítimas, voltar pra África ainda é nosso sonho
Pro ilê de fé, de iorumila e orixalá
De Cabo Verde até as Américas, vim nos braços de Iemanjá
[Verso 5]
Nos trouxeram de África e derramaram muitas lágrimas
Derramaram muito sangue, derramaram muito sangue, muito sangue
Nos trouxeram de África e derramaram muitas lágrimas
Mas minha alma sempre fui muito livre, minha alma sempre foi livre

[Outro]
Axé Kaô Kabecile, Axé Kaô Kabecile, Axé Kaô Kabecile
Minha capoeira, meu candomblé
Axé Kaô Kabecile, Axé Kaô Kabecile, Axé Kaô Kabecile
Minha capoeira, meu candomblé