Eduardo Taddeo
Paz Impossível
[Verso 1]
Enquanto só no rádio do X nossa voz for audível
Cresce a arte tumular e a paz segue impossível
Não querem o gueto comercial e industrializado
Então colhem a fuga de lancha no BO ousado
Colhem o bi-articulado queimando perto da residência
Na retaliação do preso a injusta transferência
Reina o horror quando os direitos são farsas
Quando matanças oficiais tem bandeira hasteada
Duzentos manos do tráfico no pinote pro mato
Simboliza mais vida protegida por policarbonato
Segurança pública é utopia na guerrilha
Onde exterminam e deixam um pra contar pro resto da quadrilha
"Mano, os verme colou na ação da locadora de carro
Algemaram os parça, miraram no peito e fuzilaram"
Armistício não vem com a política
Da matança na chácara de Várzea Paulista
Ou com download da caridade nos 486a
Que a elite doa na ilusão de não perder orelha
Enfia no cu sua ação global com RG e dentista
Mentira filantrópica pra audiência televisiva
Quem oferece criança pro deus das armas
Ganha vale eletrocussão na casa assaltada
O carro de escolta metralhado com 300 tiros
É aviso que sem igualdade a paz segue impossível

[Refrão (x2)]
Enquanto a miséria produzir corpo irreconhecível
Enquanto preso for taxado como incorrigível
O apê é invadido, tem chuva de tiro
As camisetas com foto só aumentam e a paz segue impossível

[Verso 2]
Querem a lei em nome do boy depois do menor atirar
Mas após a chacina quem pediu a lei Dj Lah
Não deviam por branco pra abaixar a maioridade penal
Mas pra reverter a falência educacional
Não senhora, quem matou seu filho não foi um animal
Foi uma das crianças vítimas da exclusão social
Quem merecia ir pra câmara de gás inalar a morte
É o governante que da ponto 50 com suporte
Não jogaríamos dorso, em saco de lixo
Sem a co-autoria satânica dos bem nascidos
Quem quer fogo suspenso tem que sonhar com a matéria
Ter um matadouro pra Kadaffi, em cada favela
Pros homens de posse que só amam a grana
Tipos os que mandaram alunos deixar escola de Ruanda
Enquanto soltam pombas o investigador oferece o Kit
Colete do garra, banana de dinamite
Vende fácil, por uma quantia mensal
O dia, a hora, o local da operação policial
Decretar pra chave do morro pena capital
Não invalida apólice do seguro empresarial
Enquanto o pobre em idade ativa vira procurado
É bala no cérebro que não lembra o nome de empregado
A espada samurai seguirá fatiando o executivo
Deixando legível na sua pele que a paz segue impossível

[Refrão (x2)]
Enquanto a miséria produzir corpo irreconhecível
Enquanto preso for taxado como incorrigível
O apê é invadido, tem chuva de tiro
As camisetas com foto só aumentam e a paz segue impossível

[Verso 3]
Não se iluda, a paz oferecida pelo dominante
Só te da esponja e desinfetante
4º poder só aceita convivência pacífica
Com você abrindo a porta na posição de manobrista
Por isso vive a um passo da execução mexicana
Serra elétrica na garganta, em frente a câmera
Principalmente quem institui um ônibus, biblioteca
Pra cada mil bares na favela
Todo mundo odeia o Edu porque não quero dente de ouro
Quero evitar reconhecimento de corpo
O vendedor da funerária te pegando deprimido
Pra entrar na sua mente e vender jazigo
Não podemos ser iwazaru, kikazaru e mizaru
Pra viver de boca, ouvidos e olhos tapados
O homem negro esperou sem sucesso reparação
Só quando exigiu cota teve um pouco de inclusão
O detento ficou décadas sendo torturado
Só foi ouvido quando pois bomba em repartição do estado
Reaja ou vai ser o indigente doado pelo governo
Pra usarem seu crânio pra fabricar cinzeiro
Ser o corpo exibido na amostra
Pro aluno do vértice estudar suas fibras nervosas
Enquanto a lixeira oferecer o alimento consumível
O CZ fura blindagem e a paz segue impossível