Praso
Naquele Hotel
Uma garrafa de amoníaco
Ou comprada a um Austríaco
Eu sou maníaco
Duas gramas eu bato, um batimento cardíaco
Traçado com ópio, gramas de sódio
Eu fico sóbrio e os ponteiros encravam no relógio
Secam narinas, lubrificam vaginas
Não imaginas quantos narizes as tuas notas já viram
A pupila dilata e o fumo na prata afasta
Pensamentos que a vida é madrasta
E dá-me tempo, amor e saúde
E dá-me tempo, porque amor e saúde eu substituo por mais tempo
Eu fujo à realidade, a respiração me falha
Procuro uma mortalha
Sinto-me no fio da navalha
Queimo por dentro e ardo como amor cego
Eu sinto que não sinto e não cedo tão cedo
Até porque tenho de escrever as minhas últimas rimas
Mas se tiver de hoje, mano
Eu nem tenho medo

Madrugo numa suíte VIP que alugo
Só falta duas horas para acabar o mundo
E eu explodo
Neste quarto de hotel
A tentar encontrar inspiração
Mas não consigo deixar nada no papel. (x2)