Menestrel
Menestrel, ‘Relicário’ (Análise)
Promessa do rap brasiliense, jovem estreia aos dezessete anos em disco intimista e pessoal
Menestrel no clipe de "Epifania Pt. 2". Foto: Reprodução

A ascensão do jovem Menestrel para a maior parte do público se deu com "Poetas do Topo", contudo o MC já vinha mostrando um trabalho pertinente no grupo Mandala, ao lado de Santzu, ganhando bastante visibilidade também nas suas colaborações com Froid - "Volúpia da Culpa" e "Lamentável" - e faixas solo - "Epifania" e "Ampulheta", esta última na série #TUDUBOMaposta. Sem perder o bom momento, o MC lançou alguns sons e participou de diversos projetos de expressão do rap nacional, que por fim culminaram no lançamento de seu primeiro disco, Relicário.
O álbum lançado em meados de maio apresenta o MC para a cena, mostrando sua principal característica, a introspecção. Algo que pode ser identificado no single "DissÉ7":Nosso libido nos da asas pra voar
Eu sou mais eu até quando eu não to feliz
Vivências são farpas que ainda vão furar
Mas amar é coisa de louco é só pra quem xinga o juizEm termos de produção o álbum é bem variado e conta com alguns dos melhores produtores da cena - DJ Caique, Slim, TH, Mazilli, Vitor Xamã, Welldone e Jr. Branko. Já as participações ficam por conta de Sampa, Sant, Diomedes Chinaski e Victor Xamã. Além disso, vale falar que o disco chega pelo selo brasiliense BOCA formado pelo Froid e Sampa, ambos ex-UBR, Menestrel, LiFlow e Heitor Valente.

Confira abaixo os comentários e avaliações da equipe:Demorei a dar alguma atenção ao Menestrel,
mesmo após 'Poetas do Topo'. O anúncio do álbum me fez querer buscar ouvir com mais calma esse MC e posso dizer agora que se você não ouviu está perdendo um dos caras mais habilidosos da cena. Relicário é outra ótima estreia, tivemos algumas nos últimos anos. Neste disco o destaque são as composições de Menestrel, pois além do aspecto técnico que ele domina com facilidade, o MC também transmite bastante emoção nas linhas e temáticas que escolhe, o que impressiona, afinal o MC brasiliense possui cerca de 18 anos de vida. Tudo isso é acompanhado de uma produção impecável do Slim Beats, que assina cerca de metade das faixas, e outros produtores bastante respeitáveis. Os convidados também não ficam para trás, Sampa, Vitor Xamã, Sant e Diomedes acrescentam alguns dos melhores versos do álbum. Dentre os destaques temos as faixa "Braggadoccio", um trap bem energético do Mazilli, "Sicários", assinada por Slim e com um verso invejável do menino de ouro Sant, e "Despedidas", talvez a melhor faixa do álbum, que conta com um cloud produzido por Jr. Branko e uma letra autobiográfica sincera do MC, sem contar que a faixa é candidata a ser um dos melhores fechamentos de disco dos últimos anos. Enfim, não tenho dúvidas que este trabalho será relembrado nas listas de melhores do ano 2017.—krayComo a grande maioria dos ouvintes de Menestrel, eu conheci o garoto em “Poetas no Topo”, logo de primeira os versos deles já me chamaram atenção, até porque quando um jovem desconhecido entra numa faixa com Bk’, Djonga e Sant — nomes mais que grandes na cena atual — e consegue se manter no mesmo nível deles, já é motivo para ser notado. A partir daí comecei a acompanhar os passos de Menestrel, e quando “Candelabro” foi lançada, a expectativa para o álbum começou a aumentar.
E não deixou a desejar, Relicário é um álbum curto, porém bem organizado do começo ao fim. Menestrel sabe passar emoção nas suas linhas como poucos outros na cena, o primeiro projeto do brasiliense é extremamente pessoal e ao término dele você consegue entender os dramas do jovem rapper.
As participações no álbum parecem ter sido escolhidas friamente e todas se encaixaram extremamente bem em suas respectivas faixas, com destaque para Diomedes, que em apenas 16 linhas me surpreendeu muito positivamente com rimas bem agressivas e até com teor político.
Quando o assunto é produção, tivemos aulas: Slim e Menestrel mostraram ter uma química excelente no estúdio e todos os outros produtores escolherem muito bem suas batidas, com exceção da faixa “Ramalhete”, apesar da bela participação de Victor Xamã nas linhas, pessoalmente achei que a produção dele propôs uma quebra de ritmo no álbum que não me agradou muito.
Salvo essa única crítica, poucos detalhes fariam essa estreia de Menestrel ser melhor, apesar da pouca idade, o MC já se mostra muito maduro e aparenta ter muito conhecimento nas construções de suas metáforas, será no mínimo interessante observarmos o crescimento dele dentro ou fora da cena do rap.—Henrique MarleyMembroNotaKray9Henrique Marley8,5Thiago Leve8,5Pellizzle8,5LucasWildemberg8JVitorFelix8Igor França7,5FelipeAdao7Marta Barbieri6,7LKSZZ6,5Ruthe Maciel6Maggot2ramoshenrique7,5
Não há dúvidas que o jovem Menestrel tem muito potencial, esta estréia é prova disso. Sua ascensão desde "Poetas no Topo"
é evidente e justificada neste álbum. Relicário promete ser um dos destaques de 2017, mesmo em uma ano com muitas promessas ainda a serem lançadas.