Jean Tassy
Poetas no Topo 3.3, Pt. 1
[Letra da parte 1 de "Poetas no Topo 3.3" com Ogi, Bob do Contra, Rod, Rashid, MC Cabelinho, L7NNON, Kayuá, Azzy, DK & MV Bill]

[Intro: Scratches]
E vocês dão demais, o meu ditado é di...
Saudade quando tudo era só free...
São José dos Campos tem força, sou fã de rap memo, fei...
Liga pro MC Xamã...
Sumi dois anos pra voltar no mínimo...
Nada de em cima do muro, mas vem tiros de todos os lados

[Verso 1: Rodrigo Ogi]
Era do cão, era do caos
Uma criança morreu na minha frente
Era do stress, era das trevas
Minha esperança morreu indigente
Minha esperança morreu indigente
Meus sonhos num orfanato jogaram
Hoje não tenho contato com eles
Pois num manicômio me trancafiaram
Suposto suspeito, no rosto, no peito
E agora o fundo do poço é o leito que me deito
Enquanto o vilão dessa história de bom moço posa
A insanidade tem comigo dois dedos de prosa
Você será herói, você terá glória
Pois você é Luis Inácio e eles João Dória
A esperança tá ali, ontem mesmo eu a vi
E ela tava caminhando com a vitória
Que-que-quero saber quem assina a cena
Que me assassina, será que a chacina um dia sana?
Trocaram o acerto na Mega Sena pela mega cina
A vida é um gole de estricnina
É o olho que tudo vê
Eu olho e só vejo views
No olho do vendaval
O povo a ver navios
Na era da fake news
Matrix destrói o Neo
Bem-vindos ao Brasil
[Verso 2: Bob do Contra]
Quantas almas 'cê tocou hoje?
Isso que importa, se importar com o próximo
O sonho e a frustração 'tão sempre dando a mão
Não trabalha não, que 'cê vai ser o próximo
'Cês são engraçado, "a Pineapple só bota esse Bob, esse Bob é chato, fora de moda"
O novo incomoda, mas se eu canto, chora
E se eu rimo, até os cabelo do seu c* fica arrepiado
Eu não sou mais que ninguém não, eu só faço o meu
Igual naquela das antiga
Tá nas estrela, reclama lá com Deus
Quer ser o melhor? Marechal já disse
E não vai dar pra apagar marcas comprando marcas
Assim como não dá pra aceitar quem fala
Em salvar vidas usando armas
Cuidado com o que se lê, com o que se vê
Hoje poucos têm compromisso
"Vou governar pra maioria!"
Cuidado, Hitler também disse isso
Naquela do "tamo unido," Judas também disse isso
Eu tenho aversão a quem se diz salvação
A Igreja mata a milhão e sempre disse isso
À espera do novo Messias, 'cês elegem o meme do SuperPop
Pra derrotar eles vem o Super Bob
Não acredite no que eles dizem, sucesso não é 'cê morrer pobre
Até quando 'cê consegue ser forte?
Mais um corpo e foi falta de sorte
Me diz o que ser um poeta no topo
Se um de nós for morto, pra eles tá top
Ainda assim 'cê vai pular isso aqui
Pra ouvir o seu MC do hype
Sobre poder, Maquiavel tava certo
Isso é sobre o ego, hip-hop virou só um detalhe
No rap desde 2010, vi muita gente foda se perder
Muita gente, do nada, alcançar
Acredite ao extremo que 'cê vai vencer
2012, Contra Corrente
Guilherme e Gabriel salvaram minha vida
2015, nós no RAP RJ, primeiras camisas que o abacaxi vendia
Esse mundo é uma Divina Comédia
Igual no meu álbum com o Tiago Mac
2020, Boombapstar
Quem não tiver caneta vai ser uma tragédia
Desfoca da capa, olha a obra
Vou sair ileso desse ninho de cobra
E já que o que move é piada e conversa fiada
Pega e espalha essa igual fofoca
Igual naquele verso do Rashid
Pego sua orelha, pra ouvir isso tipo Mike
Sério mesmo que depois de tudo o problema é o Brown ter falado de Free Fire?
'Cês 'tão de sacanagem!
Tendi, mente, mente cria m-m-me-me-meme e eu não entendi nada
Momento de crise em tempos de renascimento
Mano, eu sou DaVinci, e tô fora da caixa
De tanto ouvir besteira, eu fui lá e fiz
Me diz o que é que falta pra tu ser feliz?
Esquece essa balela de American Dream
Se amar é o que te falta pra tu ser feliz
Plow!
[Interlúdio]
"Assim que sair por aquela porta, começará a se sentir melhor
Vai se lembrar de que não acredita nessa coisa de destino
Você controla a sua própria vida... Lembre-se..."

[Verso 3: Rod]
Ayy, Rod
Olhos são celulares, celulares são olhos
Amazônia no fogo e a praia cheia de óleo
Eu fico cheio de ódio, observo o machismo tóxico
Na política, na polícia, e na comida só tem agrotóxico
Bozo, é melhor legalizar do medicinal, THC
Senão vou comentar em todas suas fotos como se eu fosse o FBC (Padrim)
Sou underground, mas sou mainstream
Eu tô na Globo, no SBT
Conscientizando igual Emicida, fumando ganja igual Matuê
Eu nunca fui de falar "gang, gang, gang"
Mas então pergunta quem, quem, quem
Tem mina gostosa igual a Cardi e o filho playboy igual o Carti
O mundo é nosso e eu tenho a chave
Han Solo, eu tenho a nave
27, um Chevette, bebendo Brahma igual o Black
Levantando o povo igual Ivete
Neurótico de guerra igual o Ret
Carregando ouro igual o Felp
Bandana igual o Pac
Sabe como eu vi que era bom meu CEP?
Soltaram o Lula e aí soltaram fogos
Sabe como eu sei que é bom o beck?
Se eu der 1, 2, e querer soltar fogos
Fala mal do rap, aí eu perco os modos
Liberdade pro Rennan da Penha
Fala mal do funk, aí eu perco os modos
E talvez você perca os olhos
Certos MC's fumam finos desses fumos fracos
Fazem falsidade pela fama, é fato
Perdem pela pose, pode pôr pistola e Porsche
Mas não porta a peça, só de pá-pá-pá
Pó parar, o povo precisa de paz, primo
Rod fazendo mais hino
Highlander, imortal
Eu não morro, Majin Boo
Eu só confio no meu cachorro
Profeta de gorro
Descendo o morro
Rod, poeta no topo (Rod!)
[Verso 4: Rashid]
Rashid!
Foco na missão, ayy, ayy
Nasci no país da bola e quis o mic, farto, sem engolir sapo
Primo, a terra é redonda, reto é meu papo
Guapo, botei minha vida nisso
Eles querem um lifestyle do trap, mas eu tô aqui desde que era só trapo (Aê)
Minha mãe me disse: Não se curve (Não)
Onde o padrão é skinny, meu talento é GG, tipo Gloria Groove
Pra reger alma autônoma, trouxe um verso indecente
'Cê devia ter aberto numa guia anônima
Zum-zum-zum, zum-zum-zum, lá vêm os cop
Vêm brincando de Doom
Comum pra eles é Cartoon, pra nós Platoon
Perdemos tantos conhecido, parecia a vida brincando de resta-um (Vai vendo)
Pobreza nunca foi hype
Aqui meu rap entrega alimento pra alma, chame Rappi
Nóis naipe alcateia, contra covardes que pregam armas
Mas morrem de medo de quem prega ideias
Nóis quer os hit, os kit, os feat, mas primeiro respeita a origem
Não põe o carro na frente dos bois
"O que rap tem a ver com causa social?"
Aí é foda! Tem você, que não entende de nenhum dos dois
Pra sonho não tem teto
Minhas letra caem em prova nas escola, tio, e não é por português correto
Mundão não me intimidou, legítimo, jhow
Sem concurso pra entrar, a rua foi o meu ritmo e flow (Aê)
Poetas no topo, quantos revelado aqui?
Minha rima azeda e cascuda, combina com esse abacaxi (Tá certo)
Passo no estúdio, engatilho, deixo marcas de letras
Que descem quente e sobem rápido, igual Bacardi
Antirracista, não dá pra ficar no limbo (Não dá)
Punhos cerrados, um de Madiba, outro de Kimbo
Então respeita o pai, como eu respeito quem já tinha vindo e vrau
Rashid a.k.a o justo, a.k.a tão real
Pras mentes sem amarras, o rap é meu produto
E meu valor só sobe, vê pelo meu código de barras
Vida não é clipe, se emancipe e suporta
Deus na direção, só paro quando ele gritar: corta!
Paz!

[Ponte 1: MC Cabelinho]
Oh, fé
Cabelinho na voz!
Poetas no Topo
Fé!
Eu sou do Rio de Janeiro
Acostumado a ver traçante pra lá e pra cá
Sagacidade vem de berço
Se o papo for pra dar pinote, tu não vai me achar
Eu sou do Rio de Janeiro
Acostumado a ver traçante pra lá e pra cá
Sagacidade vem de berço
Se o papo for pra dar pinote, tu não vai me achar

[Verso 5: MC Cabelinho]
É que esse ódio no meu peito aumenta a cada dia
Não aguento mais tanto cheiro de sangue inocente
Nóis não vive, nóis sobrevive
A guerra existe, a cena é triste, meu povo tá doente
E até hoje eu não entendo esse preconceito
Só porque nóis é preto, vem de comunidade
E a desculpa é sempre falta de experiência
Mas como tem experiência sem oportunidade?
Tô de cabeça erguida (Fé!)
Apesar de estar à margem da sociedade
Eu fico feliz da vida
Quando eu vejo um preto se formando em faculdade
Um tiro de bala perdida (Plow-plow)
Que saiu da arma de fogo de uma autoridade
Ágatha era só uma menina
Que hoje deixou lembranças e muita saudade
A elite passa mal com a favela no topo
Porque pra eles o meu funk é som de marginal
Favelado em horário nobre passando na Globo
É a maior forma de resistência cultural
Se eles sobe atrás de droga invadindo o morro
Por que também não fazem assim em área de playboy?
Vocês pode até querer incriminar meu funk
Mas duvido que um dia eles calem minha voz
Oh, fé, hmm, mas duvido que um dia eles calem minha voz
Mas duvido que um dia eles calem minha voz (Fé!)

[Ponte 2: L7NNON]
Olha nós passando na esquina
Mais um enquadro
L7 é só obra-prima
Mais um quadro

[Verso 6: L7NNON]
Me chamaram pro Poetas no Topo, né?
Não tá me vendo porque tu não olha pra cima, ayy
Peguei meu problema e joguei pro alto
No verso, o melhor de mim pra levantar tua autoestima
Rap faz o menor largar pistola
Faz sem-estudo voltar pra escola
Não quero saber se tu fuma Ice
Ai, se tu soubesse que os menor morre na cola
Hoje eles 'tão dizendo que agora eu tô morando em bairro nobre
Graças a Deus, e o meu pai que botou a cara a tapa pra não morrer pobre
O que que tem se eu tô de carro do ano?
E daí se agora eu tenho no bolso?
Dinheiro pra comprar o que eu não podia
Parece que a minha vitória foi fruto do teu esforço (Não)
O que tu pensa pouco me importa (Não)
O que tu pensa nada me importa
Quem não dava nada, hoje me nota
Quem domina o Brasa é do RJ
40 graus e eu aproveitei, fui dar uma nadada
Pescar garoupa ao invés de tilápia
Tua carteira tá igual conselho que eu daria pra quem tá se afogando: nada!
Pra não morrer na praia, aproveita agora que a maré tá rasa, eu sei, somos da mesma laia
A diferença é que a minha vida é constante subida
Tu tá no topo, né? Então cuide para que não caia
Caneta é uma Kalashnikov (47)
Minha mente é mais valiosa que cofre
Todo dourado no meu corpo é ouro
Tua mancada seguro num cobre
Eu tô achando graça
Vem de simpatia se me vê na rua
Fala mal de mim na net quando tá em casa
A questão não é quanto tem na conta bancária
É se tu leva esperança pros menor das área

[Verso 7: Kayuá]
Gigante da Norte, nego, uh (uh, uh, uh, uh, uh, huh)
Era ela e um bebê no colo, olho como que eu sobrevivi
Conto minha trajetória, nego e bolo, bolo mais um só pra refletir
Filho de mãe preta e solo, solo, num solo como esse aqui
Até a morte chamar o meu nome, eu nunca mais passo perto da fome
Via de forma natural, na geladeira só arroz e salsicha
Quando crescia que caiu a ficha, nós ostenta o que era pra ser normal
Ansiedade por humanidade de quem sempre se sentiu invisível
No peito, pingente é manifesto
Mostrar pros meus que também é possível
Todo dia, um topo, um novo nível
Pra se manter ou pra se alcançar
Noites em claro, bebendo do caro
É mais que dinheiro pra poder sarar
Mais que dinheiro pra sarar essa dor
Autoestima pros iguais de cor
Pôr quem se ama no melhor lugar
Dou papo reto, nego, eu não prego
Usa da causa pra subir seu ego
Autoafirmação, sua insegurança
Minha vida antes de ser serviço
Nego, é quase uma década nisso
Minha rainha preta hoje descansa
Sua coroa no céu ou turbante
Sandra nominou Kayuá e a Zona Norte batizou Gigante

[Ponte 3: Azzy]
Feminice (Feminice)
Feminice (Feminice)
Feminice

[Verso 8: Azzy]
Licença pra chegar, licença pra sair
Esperança que vai dar, fé pra conseguir
Antes de quem tá pra julgar, quem não vai estar aqui
Tentaram me derrubar, mas eu sobrevivi
Falaram "Azzy, não", eu digo "Azzy, sim"
Um dia vão se acostumar a me ver no topo
Tomei tapa e soco, vi vidas ir como sopro
Sem precisar falar da peça pra mostrar vivência um pouco
Por trás de uma arma, hoje tem um grande homem
Duas coisas não se quebra: confiança e microfone
Quem é não fala, vivemos na calada
Vários exemplos de quem fala muito e nunca fez nada
18 anos, mãe de família
Mais uma Silva, minha estrela brilha
Desacredita? Então faz melhor
E eu não tô falando de mostrar tua Gló
Mano, guarda isso, só tem de menor
DJ indo preso, arte virou crime
E pra ter vantagem bota na vitrine
Não sou manequim, odeio falsidade
Postura, fundamento e humildade
Coisa que anda do meu lado e eu não tô sozinho
Lealdade, transparência e verdade
Esse é meu legado, um só caminho
Atitude feminina não falta, aqui tá tendo
Adoro surto de machista, você memo, eu tô vendo
Morde as costas, como diz Didico
Como Marta eu tô em campo e vocês 'tão fudido
Mano, eu vim da batalha e não foi só batalha de rima
Vim de onde dizia que flor que nasce no lixão não tem tempo de vida
E dos 15 eu não passaria, com 18 olha só, quem diria
Meu nome faz dinheiro e sustento meu corre e também minha família
Faço tudo que tu não faria, minha vida é corrida
Isso é questão de escolha e essa foi minha escolha
Não posso parar, não posso parar
Nem se o Diabo pedir
Tenho que chegar, tenho que chegar
Até onde nem sei
Sinto no fundo do peito que isso é real
Por mais que nem todos sejam, os que são, eu sei
"Ei, Azzy, te vi na TV, ouvi na rádio também
Eu não gostava de você, mas agora, tá tudo bem
Você tá famosa, tá muito gostosa, geral te conhece
Mas quando tu tava fudida, eu te ignorava, mas vê se se esquece"
Eu nunca me esqueço, sei de onde eu vim
Honrei meu nome por onde passei
Existe gente que quer o meu fim
Porque eu sou blindada e fora da lei
Vejo minha filha crescendo na mesma proporção que cresce meu din'
Isso é sinal de trabalho e eu tô correndo em dobro pra ser sempre assim

[Verso 9: DK]
Verme sai da reta, comédia não atravessa
Se bater de frente com a minha tropa vai dar merda
Eu tinha falado quando eu tivesse no topo
Eu ia tá gritando bem alto pela favela
Onde eu traficava, agora eu fiz a biblioteca
24 hora por dia ela fica aberta
Pros menor daqui antes de falar em topo
Primeiro eles pensar que eles precisam ser poeta
Por telepatia eu tô fazendo cirurgia
O que alivia minha agonia, doses de adrenalina
Papo reto, eu já fui tanto pro inferno
Que eu nem sei dizer ao certo o que é frio na barriga
Olha a juventude, como ela tá perdida
'Tamo alterando todos os ciclo da vida
Tô vendo adulto que só fizeram 10 anos
E tô vendo adolescente que já passaram dos 30
Nós é um só caminho e vocês são One Direction
MCs de funk pop me xingando no direct
Acha que o hip-hop é De Férias com Ex-Celebs
Com famoso da internet, que na rua ninguém conhece
O Tim morre de cirrose, nós tamo' rimando whisky
Menor entra na bala, nós tamo' gritando o crime
Temos armas e drogas e mulher em nossos clipes
E tamo' batendo palma pra cena gangsta kids
Foda-se o palpite desses MC Twitter
Quem disse pra esse teu hit que a rua não percebeu?
Que em toda cypher eu tô sempre rimando o dobro
De um monte de MC com o triplo de seguidor que eu
Nem saiu das fralda, vocês ainda são fraude
Real underground, ADL no mic
Olha esses cara andando com roupa cara
Porque 'tão se vendendo barato igual Black Friday
Lágrima cai do rosto do bandido, nunca duas vez pelo mesmo motivo
Vocês topa tudo pra chegar no topo, por isso que o topo não é pro seu tipo
Pode falar que é DK assassino, porque esse beat lembra um funeral
Vocês 'tão gastando quinze mil real em tênis, com quinze mil real eu fiz o Centro Cultural
Juntando ideias por um ideal, prioridades em tempo de guerra
Em vez de comentar qual foi o melhor MC, vê qual foi o MC melhor pra tua favela

[Ponte 4: MV Bill]
Ahn
Ayy, yeah (Yeah, yeah, Tio Bill)

[Verso 10: MV Bill]
Antes do topo tem o morro pra subir
Eles falam de preto, mas não se transformam em Zumbi (Não)
Humildade é a chave, arrogância atrapalha
Chorão me mostrou como faz
Não sou eu que sou muito humilde, tem filha da puta marrento demais
Me chamaram de novo, eu não corro
Gabaritado, soldado do morro
Cara preta, não esqueço de onde eu venho
É de lá a disciplina que hoje eu tenho
Sou velha guarda, me sinto honrado
Invejoso na cena pra mim tá mandado
É por isso que eu ando com poucos
Sem olho grande nas coisas dos outros
Não quero ser dramático
Apenas um verso enfático
Tá sobrando malandro no reino infantil
Na batalha do rap de plástico
Me põe num hit, faço clássico
Tiozão pega noob automático
Ser sincero comigo é mais prático
Tá no mundo da lua, é lunático
Não tem a ver com a fonética
É mancada e falta de ética
Deu mole no papo, chama de pela saco
Pra nós é licença poética
Quem é de verdade tá ligado em quem não é
Hoje eu tô de carro, mas eu já rodei a pé
Valoriza minha vivência com resiliência
O que era carência virou potência
Fui atrás do que é meu, construindo história
Fiz a trajetória invisível procurando glória
Fita dominada no momento que não tinha nada
Colocando rap lá na praça pra rapaziada
Época dourada que me dá saudade com pouca idade
Clima de amizade que me faz lembrar
Que hoje em dia não se tem respeito
Vagabundo estufa o peito até na hora de se retratar
Cuidado com o hype que às vezes passa
Fica sem topo, fica sem taça
Filme queimado perante a massa
Somente inimigo que é de graça
Ela diz "força", ele disfarça
Mó cuzão, mas se acha parça
Parte do público iludido babando o MC preferido
Teve quem pavimentou a pista e hoje brotando pseudoartista
Muita forma, conteúdo fraco, fizemos mansões e eles barraco
Molecada, atenção no que se exalta, qualidade baixa vocês põem em alta
O ego infla, a cena murcha, pose de bandido, condição de bucha
Pra retomar a gente vai na macumba
Pega o axé senão o barco afunda
Falar o que não sabe é dizer pela bunda
Se sujar vai ter que limpar
Vai treinando na frente do espelho
Cara pálida, com olho vermelho
Diferença entre adulto e fedelho
Não é por idade, é o jeito de lidar
Geral é livre pra falar o que quer
Responsabilidade pra quem disser
Provando pra nós que agiu de má fé
Segura o B.O., tu vai ter que assinar
Pouca rima, muita marra
Umas atitude bizarra
Nem tudo no jogo é farra
Deu pra entender ou tem que desenhar?
Não generalizo, falo de uma parte
Peso pena, morto fora de combate
Admiro vários pelo bom trabalho
Miraram no topo e ignoraram o atalho
Demonstram respeito pela velha escola
Vão jogando junto, vão passando a bola
Sabotage fica feliz
Com quem sabe o valor da raiz