Quando os tempos difíceis temem em perdurar
Haja confiança e temperança para os poder vir a suportar
E quando os ventos de mudança tardam em chegar
Não percas a esperança porque o sol voltará a brilhar
Dias cinzentos, não temas a trovoada porque o amanhã irá trazer de novo a alvorada
E quando nada aparenta ter solução
Só queremos ver-nos enterrados a sete palmos do chão
Voltar a cinza e pó, rodeados de amigos, às centenas mas no fundo eternamente só
Não há ombro amigo que te ampare
Quando és incompreendido e perdes o chão que tens debaixo dos pés
Mas a tragédia não abranda
O pior é que não há lenço que nos limpe quando a nossa alma sangra
Porque essa dor que dilacera o peito
Não há sorriso que esconda a mágoa de um coração desfeito
Cansado de sempre dar a quem nunca merece
Só nos resta ajoelhar, duas mãos e uma prece
Fiel a tudo o que crês e as tuas convicções
Corajoso como o Daniel na cova dos leões
Sexto dia fora o primeiro, enfrenta a vida como se cada dia fosse ser o derradeiro
Há quem te pise sem escrúpulos nem pudor
Mas anima-te porque é assim que se molda o carácter de um vencedor
E avança destemido, mesmo desamparado e quando nada parece fazer sentido
O mal que não se cura, estás só e na amargura
Cabeça erguida porque isso é sol de pouca dura
Mas muito mais que a intrepidez com que tu avanças
O que importa é quando cais e a rapidez com que te levantas
Porque para poderes voar com as tuas próprias asas
Tens que saber cair na lama e andar sobre as brasas
E se te convencerem do contrário
Diz-lhes que a palavra impossível só existe em dicionários
Há o que perde e o que vinga, o que teme e o que singra
E o que procura soluções na ponta de uma seringa
Para que consigas ser tudo o que um dia tu sonhaste
Para que recordes mais tarde tudo o que conquistaste
Porque ditaste as regras e seguiste o teu trilho e nem mesmo as estrelas podem igualar o teu brilho
Não te arrependas nem só por um segundo
Para sorrires na cara daqueles que te queriam ver no fundo
Deixa que a vida te leve
Porque as melhores conquistas escrevem-se em tinta indelével
E se tu aqui chegaste só a ti o ficas a dever
Porque um dia tiveste a coragem de viver