[Letra de "Atravessei São Paulo"]
[Verso 1]
Tu já se perguntou o preço pra entrar na história?
Ou reparou como realizar nos revigora?
Lembrou que a cada noite alguma nova mãe que chora
Só quem não tentou voar não sabe como dói ir embora
Mas tento manter o otimismo mesmo, todo dia
Dois jovens sem estrutura tendo filho em pandemia
Minha vida ilusionista, dizem que isso é boêmia
Eu entreguei tudo que eu tinha pra viver essa porcaria
Sem hipocrisia, sem demagogia
Quantos com a minha idade não aproveitaria?
Quantos com a minha história não se entregaria?
Eu aceitei que a vida é triste e que às vezes temos alegria
Temos ousadia, sem sabedoria
Quantos na minha pele não aguentaria?
Quantos com outra pele morrem todo dia?
Só por melanina, só melancolia, Deus olhai por nós e guia
Nós já não aguenta essas neurose, governo que odeia pobre, Diabo matando porque tá de farda
Não tô com saco pra esses mano meio esnobe que acha que a fama é o foco com o ego maior que a raça
Eu não tirei a carteira de habilitação mas eu ouvi "Um Barril de Rap" e me lembrei que a vida é loka
Eu não te dei um pedaço do meu coração, meu coração tava em pedaços, cansado tirei sua roupa
[Refrão]
Eu atravessei São Paulo pra te ver pelada
Pra te ter inteira
Eu precisava de um Band-Aid memo
É fácil quando 'tá na prateleira
Pra te ver pelada
Pra te ter inteira
Eu precisava de um Band-Aid memo
É fácil quando 'tá na prateleira
[Verso 2]
E eu já não sei de nada tem alguns anos
Quanto tempo já perdi pros meus danos?
Afogo mágoas, noites rasas, Buchanans
E eu odeio os bacanas, não entendem meus planos
Não entendem o ódio dos suburbanos
Por que subimos e por que ostentamos
Pergunta por qual caminho nós chegamos
Veja que nós vencemos porque acreditamos
Me corrompi quando eu cedi um abraço pra arrogância
Nós cresce sem ninguém saber os traumas da sua infância
E agora que esses traumas refletem numa criança?
Vai ser difícil, é um fato, dinheiro traz segurança
Mas quem foi que tirou meus problemas dessa balança?
Eu fiz um som de merda, essa merda pagou minhas conta
Ninguém olha pro espelho, pois sabe que desaponta
Ver a verdade nua, na rua, se a vida é outra
Por vezes eu pensei no fim, mas o fim não é saída
Às vezes eu pensava em ti, às vezes recaída
Às vezes era complicado ter a fé mantida
Se der espaço, na fraqueza, ela te castiga
Se der espaço pra impureza, ela te instiga
Se 'cê só olhar a beleza, ela te mastiga
Ela te tritura, viva a vida crua
Eu vi nos olhos do meu filho a inspiração mais pura
[Refrão]
Eu atravessei São Paulo pra te ver pelada
Pra te ter inteira
Eu precisava de um Band-Aid memo
É fácil quando 'tá na prateleira
Pra te ver pelada
Pra te ter inteira
Eu precisava de um Band-Aid memo
É fácil quando 'tá na prateleira