[Intro]
Aê, parceiro, tá na linha?
[Verso 1: Raillow & Leal]
Ruas vazias, olhos atentos
Sistema de futuros lutos e ex-detentos
Nessa limpeza social, a resistência ainda tá dentro
Sendo errado ou errado, virou o único argumento pra...
Bancar lares e minas, bares de esquinas
Entre maus e maus olhares, se vão milhares de vidas
É fogos, chegou mercadoria
Deputado, favelado, estudante e pais de famílias
[Refrão: Gali]
Nessa rotina são várias fita' que nos prende
Vielas, avenidas, quem que se rende?
Foca da onde vem que na quebrada tá umas fofocas
E tão querendo achar quem ven...
De onde vem um cê pode pá que vem mais...
Sem que você queira, eu quero que abram as portas
Pois na minha rota eu vejo PMs, civis e Rotas na bota
Sem que vejam querendo achar quem vende
[Verso 2: Raillow]
E eu faço a curva à esquerda, cobertura de milhões
Confundido pelos seguranças com boys sem noções
Sem lições escolar' pra explicar
A rua e seus chamados e até onde ela vai te chamar
Caminho estreito, portão fechado, é um por vez
A atenção e nervosismo dos freguês já é normal
Só menor de idade nesse mal
Passo duas crianças, eles me abordam: (Aê, tio, me dá 2 real)
Olhos em pânico, eu vejo lá no final
Trampando, ganhando a função a milhão já que o filho não tem 1 real
Até estudou numa escola do estado
Entre cola e marola ainda foi aprovado
Sistema de ensino que fez o menino ter que apelar para ter capital
Fila de espera, de tudo nela
Morador, patricinha, amantes da branca
Escravos da pedra, estavam na merda
Pois foi mais um e foi mais um pra fila andar, tio
E a neurose subir pra artéria
[Verso 3: Leal]
Meu povo de novo que paga de bobo na tela da Globo maquiando tudo
Com tudo que eu vejo e despejo que sinto nessa porra
E toda vez que eu olho a tela, eu não entendo ela
Mas parece mais real olhando aqui dessa janela, ó
Os nóia' é mó sequela, ó, causando na favela, ó
Petrificado, no efeito da medusa e de quebra em quebra, ó
Os PM quebra, eles forja' quem compra, pegando propina
Em todas as esquinas abusam da autoridade, porra
E corra se ver o carro, e ai se cada um desse pagasse por seus disparos
Quantos não foram atingidos, mano, por esse sistema?
O futuro, sofri danos, a todos
Nós que estamos do lado fraco da corda
Onde falta condição, jão, e as vontade transborda'
Carai, até a justiça nos mutila (não é mentira)
Se um deles morre é imediata e os nossos botam na fila de espera
[Verso 4: DK]
Orfão de pai vivo, que nem terminou o colégio
Enchia nariz dos playboy que tava estudando pra médico
Desvio comportamental de surtos psicóticos
Na escola desenhava armas derrubando helicópteros
Medidas socioeducativas, desejos do governo
De ver minha mãe nua no dia de visita de perna aberta na frente do espelho
Mas se a boca ainda eu for vigia a hora do dia que muda o setor
Plano arquitetado com mente de adulto e executado por menor infrator
Também quero um pedaço da carne do porco safado que a mídia engordou
Nesse museu de iPad, iPhone, MC Facebook sonha em ser doutor
Desde pequeno fui infectado, de segurança a favelado
A mídia alimentou os monstros que passa' fome dentro de um barraco
Os dias devoram seus sonhos, selva de cimento não cresce semente
Discurso é pesado no ouro
Mas correntes são sempre correntes
O toque vem do walkie-talkie dizendo pro morro ficar tudo loc
Chegando no beco já vendo as glock
Dois pente no coldre que nem robocop
Os BOPE perdendo o ibope faz cara de lata saindo o reboque
Vapor triturado com choque morre igual homem, não vira X9
[Verso 5: Lord]
Tem de 10, 25, 50 e 100, tá no lazer
Pra quem quer comprar, tem quem vai vender
Olha os cana aê
Sai do caminho quem não quer morrer que eles não quer' saber
Eles tão quente atrás de quem vende
Matando inúmeras crianças inocentes
Na conta do estado, dor pra mãe que é crente
E no dia seguinte, mais a boca vende, mais o estado ganha
Mais dinheiro rende, mais morre gente
12 por 1 estourou, não é gol do mengão, é os cana'
Corre perna, braço fica, troca tiro e alguém sangra
A mãe chora pelo filho, uma vida pela gana
Firma milionária, todos morrem, ninguém ganha
Abre outra lata, carga nova
Armamento novo, comunidade amparada
Tudo em seu lugar, acerto pago, morro paz e amor
Patrão novo, boca nova, festa pros morador
[Refrão: Gali]
Nessa rotina são várias fita' que nos prende
Vielas, avenidas, quem que se rende?
Foca da onde vem que na quebrada tá umas fofocas
E tão querendo achar quem ven...
De onde vem um cê pode pá que vem mais...
Sem que você queira, eu quero que abram as portas
Pois na minha rota eu vejo PMs, civis e rotas na bota
Sem que vejam querendo achar quem vende