[Verso 1: Predella]
Seja bem-vindo ao país tropical, dificuldade é knock down
Discriminam qualquer ser se não tiver valor em real
Falou em falar a real é comigo mesmo, tal
Governo desgovernado comandado por boçal, uau
É o baque, quem mata mais os morador de rua:
A polícia, a fome ou o crack?
Ou o frio, a chuva, o pó?
Meu truta, o inverno tá vindo aí, doe casacos e luvas
Chapa, alimentar o morador tá hard
Suco e frango tá caro e ainda tem papelão na carne
A cidade tá em greve, a situação tá grave
Playboyzão comprando debaixo da ponte à tarde
Eu ajo da maneira correta, ajudando morador de rua desfavorecido
Prato de comida e um trocado, casaco
Meu mano, pra não passar batido
Divino, Além da Loucura, não interfere
É Zona Oeste com o ADL, vai
[Ponte: Predella]
Uh larara, uh larara
Uh larara, uh larara
Damassaclan, chapa
[Verso 2: Lord]
E quanto frio que eu já passei
Quantos pés que já me chutaram
Quantos anos eu trabalhei
Quanto álcool eles me tacaram
Eu perdi o meu emprego, minha família
Aqui que eu vim parar
Eu tenho que perambular
Sem identidade, sem idade, sem lar
Eu sento e forro meu papelão
Esse pão eu não vou morder
Eu valia quando eu ia votar, agora eles querem me varrer
Meu problema é não saber escrever
O deles é não me entender
E olhar a tela do celular
E ter o dom da visão e não ver
Tacaram fogo no índio Galdino
Em Brasília, em 97
Vinte anos depois é o crack
A crise, o golpe, o desemprego
O esculacho em Pinheirinhos
Violência do marido
Não é só passar o trator
Nem tentar varrer igual lixo
Eu sou tipo um corpo sem vida
Pra vocês, sem importância
Se eu ficar fudido aqui, ninguém vai chamar ambulância
Aqui a maioria é igual a mim
Debaixo dessa marquise
Esperando que Deus olhe por mim
[Refrão: Lord]
E por onde eu andei as ruas sabem
Meu amigo é um cachorro e não tem mais ninguém
Se tu vive pelas notas que te cegam
Vai morrer pelas esmolas que te derem
[Verso 3: Nog]
Quem tá lá fora sorri, quem chora tá aqui
Bem-vindo ao país que escola é só pra minoria
E uns controlam o sistema e roubam bi ou trilhões
Diante dos nossos olhos
E eu vim pra deixar claro esse meu ódio
Transpiro a revolta nos poros
Vim pra apontar o óbvio e por fogo nos fóruns
Fico louco, sóbrio com tanto episódio
É tanta corrupção que hoje o governo é negócio
Eu quero logo resposta pra dúvida
Cadê nosso dinheiro se não foi pra escola pública?
Minha revolta é múltipla
Qualquer voto nossa é morte súbita
É muita verdade exposta só em uma música
É, fato por fato pra acabar com a raça rápido
Pra exterminar o senado e os deputado a cada passo
Igual gato caça rato, pra não ter mais Lava-Jato
Pra não ter mais delação premiada pra safado
[Verso 4: DK]
Só agradeço ao Costa pela oportunidade
Eu precisava de um espaço pra cuspir umas verdade
Nós tamo invertendo o valor de ostentação
Ostentação é o professor vir pra dar aula de Ferrari
Nas favelas as mães ganham presente de dia dos pais
Que nós entra no mercado e os segurança vem atrás
Delação premiada é coisa pra bandido rico
Aqui X9 nós explode amarrado no kit gás
Sem ninguém pra registrar teste de DNA
Nós é filho de cadinho de cada um mermo
Eu sou um cadinho de Beira Mar, cadinho de Escobar
Cadinho de Marcola e um cadinho de Zé Pequeno
Essa é a fábrica de monstro, os menor tão pro arrebento
Tudo pronto pro confronto, pior do que tu tá vendo
Fala mal de outro MC, perdeu uma hora no estúdio
Num país onde as pessoas tão morrendo por minuto
Enquanto eu faço esses versos, uma mulher é assassinada
E o pior é que eu tô rimando apenas há 30 segundos
Policial me deixa puto, atrapalha meu comércio
Vou chamar o meu patrão porque essa coca é do Aécio
Tô igual tiro de pistola, pronto pra fazer história
Tô assassinando o Dória com o meu rap de protesto
[Refrão: Lord]
E por onde eu andei as ruas sabem
Meu amigo é um cachorro e não tem mais ninguém
Se tu vive pelas notas que te cegam
Vai morrer pelas esmolas que te derem