DK 47
Poesia de Sexta-Feira
[Verso 1: DK]
Sexta-feira é foda pra dormir de madrugada
No bar, cerveja quente, na cama, mulher gelada
No bolso eu confiro a carga, da janela eu olho o clima
Trilha sonora do momento, no telhado a chuva fina
Vejo o revólver do lado da Bíblia, lembro o que o pastor revelou
Falou coisas da minha vida mas não entendi qual era do caô
Que eu tava na porta do bar, chegou um neguin, puxou e atirou
Depois montou na garupa da moto, pegou na contramão e vazou
Eu homem de pouca fé, na hora fiquei meio cabreiro
Mas se hoje eu tô de pé, é porque minha mãe tá de joelho
Eu fico mais perigoso conforme sinto mais medo
E se for pra chorar, vai chorar a deles primeiro
Pega logo um whisky amargo, mistura com o beijo doce
A morte vem só de calcinha, dança a valsa da meia noite
Com a voz macia e sedutora, falando pra eu me jogar
E outra voz no ouvido sussurra, dizendo que eu tenho filha pra criar
Com o sangue no raciocínio, ela caminha pela favela
Esperando a próxima vítima cair no crime de paraquedas
Quem bate na porta a uma hora dessa?
To ouvindo o cachorro latindo
Se for atirar tem que ser pra matar e lá no inferno eu me vingo
[Refrão]
Ei, eu ouço a morte me chamar
Com o sorriso no rosto e o álcool na mente
Me seguindo aonde eu vou
E,quando ela vem me acordar
To com a arma na mão a estopa e o isqueiro
Vai dar caô
[Verso 2: LORD]
Eu sinto meu maxilar doendo, minha boca seca
Meus olhos arregalados e meu nariz escorrendo
Mas que se foda, eu limpo com a manga da blusa
São duas delas deitadas, prato quente, quem recusa?
(Tá com saudade de mim?) Puta que pariu, que pesadelo
Muito sangue numa piscina de gelo, caixão
A voz da minha mãe me dando a benção
"Deus te leve, Deus te traga"
O gosto de sangue e eu baleado no chão
A maconha e o whisky que me acalma
Me faz sentir prazer de ter largado a cocaína e não a arma
E mesmo assim falar do brilho das estrelas
Que iluminam as piranhas que se vestem de princesas
É bem possível que ao sair de casa
Eu seja surpreendido pelo verme na minha escada
E ver minha mãe chorar porque eu dei mole e errei
E só lembrar depois das vezes que ela disse "eu te avisei"
Eu sei que é foda mas a noite é perigosa
To quase de bandeja, nessa hora eu sou tudo que eles queria
E o que eu tenho por mim é meu revólver até a boca
Cuspindo bala "dum dum" em quem mexer com a minha família
[Refrão]
Ei, eu ouço a morte me chamar
Com o sorriso no rosto e o álcool na mente
Me seguindo aonde eu vou
E,quando ela vem me acordar
To com a arma na mão a estopa e o isqueiro
Vai dar caô
[Verso 3: Funkero]
Meus heróis morreram alvejados, não de overdose
Prancho o da 99, aumenta a psicose
Brinco de roleta russa rindo
To sentindo os inimigo vindo, eu até vejo um a um caindo
Cheiro de morte, cachaça, desgraça
Não era pra eu ter acertado aquele merda com geral na praça
Só que o sangue veio na guela quando eu vi o pela
Matou o amigo e ainda ficou rindo pela favela
Abro o basculante pela metade da tarde
Peça na fresta, é pura atividade cumpade
O que me resta é mostrar minha habilidade
Tiro na testa do primeiro que brotar na grade
Sou bom de dedo mas pancadão é foda
No coco é morte, nas costas é cadeira de rodas
Tiro trocado não dói, é o que se fala pelos beco
Estalo seco (PLAW) a história vai chegando no final
Num barraco qualquer, numa favela qualquer
Hoje é dia de cobrança então seja o que Deus quiser
Se me acertarem vai ser pela frente, nunca pelas costas
Confronto, hora da aposta do jeito que o diabo gosta
[Refrão]