[Letra de "cinzento"]
[Intro]
Se eu penso muito enlouqueço, e eu penso
Eu tenho andado a sentir tudo tão intenso
Como o céu da zona a que eu pertenço
Cinzento e denso
[Refrão]
Se não querem saber
Então não perguntem como é que eu 'tou
Tenho andado a viver
Sem saber bem para onde é que eu vou
Nem tudo dá para entender
Num mundo tão louco assim
Tão louco assim, tão louco assim
Se não querem saber
Então não perguntem como é que eu 'tou
Tenho andado a viver
Sem saber bem para onde é que eu vou
Nem tudo dá para entender
Num mundo tão louco assim
Ah, não, não, não...
[Verso 1]
Só loucos perdidos na terra do nunca
A fazer a cabeça para matar o tempo
Mantendo, à espera do dia da nossa sentença
Sem saber o que há pela frente
É raro haver algo diferente
Porque os dias tão todos iguais
Por isso eu 'tou a tentar agarrar a mente
Arranjar maneira de não sofrer mais
Mas às vezes é tão complicado
Acho que ninguém compreende o meu sofrimento
Eu sinto-me só rodeado de gente
Tão vazio por dentro
'Tou a passar mal com coisas
Que somente se passam aqui no meu pensamento
Às vezes preferia nunca 'tar ciente
Não sei como aguento
Será que nascer foi sorte ou azar?
Viver com a noção de que um dia vou bazar
É que eu 'tou a queimar o tempo a vaguear
Até saber gozar e viver como um czar
Mas apesar de abusar daquilo que me mata
E de não saber do que a vida se trata
Eu quero ser feliz…
Embora isso seja uma cena abstrata
Rugas no rosto de quem eu gosto
Deixam-me triste mas eu não mostro
Às vezes é preferível chorar para dentro
Outras naquilo que eu escrevo e posto
'Tou a contar as folhas do meu trevo
E a rezar para que o amanhã seja brando
Para parar de pensar em coisas que não devo
E parar de passar essas noites em branco
[Refrão]
Se não querem saber
Então não perguntem como é que eu 'tou
Tenho andado a viver
Sem saber bem para onde é que eu vou
Nem tudo dá para entender
Num mundo tão louco assim
Tão louco assim, tão louco assim
Se não querem saber
Então não perguntem como é que eu 'tou
Tenho andado a viver
Sem saber bem para onde é que eu vou
Nem tudo dá para entender
Num mundo tão louco assim
Ah, não, não, não...
[Verso 2]
A minha avó era ganda gata
Ela tinha atitude e uma data de homens atrás
Farta de ter tudo por si numa altura
Em que não viam a mulher capaz
Mas hoje é preciso ter encaixe
Não dá para explicar a espécie que me faz
Ver que o Alzheimer a mata
Quando era suposto ter um pouco de sossego e paz
Então é por isso mesmo que hoje um gajo
Relativiza a puta da nossa existência
Analisa em silêncio
E já não dramatiza com a mesma frequência
É quando tu aceitas que a vida é incerta
E depois te mentalizas da sua urgência
Que vês que banalizas o amor
E só dás valor quando sentes a ausência
É triste mas
Não se pode 'tar sempre na mó de cima
Expectativa assassina
A cena é lidar com essa sina
Enquanto o final se aproxima
'Tou a tentar pensar clean
E libertar todas as minhas toxinas
Usar a razão
Enquanto a minha cabeça não para de fazer piscinas
Mas nem sempre é fácil procurar o certo
À medida que erramos
Encontrar afecto a viver assim desta maneira infame
Se eu penso muito, enlouqueço
E tem vezes duvido que eu próprio me ame
Porque ando a meter os dedos na minha própria ferida
À espera do dia que inflame
A vida é difícil