[Letra de "inferno"]
[Verso]
Mano eu não sei, ainda não entrei
Já 'tou a sentir ganda bafo na face
Clima pesado, postura mantém-se
Ta louca se eu vou fazer beiço
Se este é o meu fado então cabeça erguida
Era o que tinha guardado para o fim da minha vida
Não há benção divina mas não me intimida
Não adianta ter medo quando não há saída
Eu digo: então siga, vamos a isso
E ela de saída para o paraíso
Ficas aqui o tempo que for preciso
E ri-se
Uh… começamos bem
Afinal as santas também me falam com desdém
Dica fatela mas não contestei
Então ela bazou e eu fiquei à espera de alguém do alem
Sozinho sentado com o inferno
E o céu trancado ali à minha frente
Aqui bem no meio do nada
Para mal dos pecados que fui cometendo
Já viste como a vida é volátil e passa tão rápido
Parece que o tempo não se sente
Vivia na terra há bocado
Mas fui condenado a ficar no inferno para sempre
É então que a porta abre
E vem um vulto macabro bem na minha direção (é agora)
É agora, vou entrar nessa merda de peito para fora
E cheio de determinação
(É agora) chegou a hora da verdade
E a minha alma arde e não há redenção
Então vou-me entregar às trevas
E conhecer o ser que amassa o meu pão
Começo a descer umas escadas sem fim
Cheia de almas penadas a olhar para mim
Só vejo caras mutiladas assim perfiladas
Todas a cantar em latim
Vejo névoa e luz ténue e a força que me leva
'tou me'mo a senti-la ruim
Só que a gente não para e vai na direção de uma luz
Que cintila no fim
Chegámos a uma clareira árida
E eu já só sinto um pesar gigantesco
Perante a minha cara pálida a contemplar um cenário dantesco
Coisas doutro mundo, informação válida
Digna de um dia vir a ser pintada num fresco
Rezei ao pai mas eu rezei em vão
Claramente que aqui não há graus de parentesco
O destino é um castelo na linha do horizonte
Mas para o que andei também não falta nada
Foram só sete minutos
A ir ao encontro de quem manda nesta palhaçada
É engraçado de um momento para o outro
Aqui me encontro, última morada
Tou pronto para dar entrada
O castelo é grande
Mas para meu espanto tá sobrelotado de gente
A multidão abre caminho
Enquanto eu ando, porquê este comportamento?
Fizeram um corredor gigante
Deixando um trono vazio à minha frente
E a besta nem vê-la e eu pergunto-me
Se não mereço que esteja presente
É São Cipriano que lidera o ato ele tá radiante tá sorridente
Diz para me aproximar mais um bocado
Tão confiante, tão veemente
A sério, aqui há gato, algo se passa mas eu não entendo
Até ele me beijar a mão e dizer que o trono me espera
Porque eu sou o seu pretendente