Uno Consultório
Já fodi tudo
[Verso 1: Uno]
Apanhei os fósseis, não vi primeiro nascimento
Mas sinto a presença dele nos meus dedos
Enquanto preenchemos o branco
Sem satélites as estrelas eram poucas
Do outro lado do mundo falava-se daquilo
Que o grego conta nas termas
Eu era novo, queria ter visto menos personagens tipo
Mas acabo a repetir comportamentos
Por isso 24 anos foram 24 horas
Água, fogo, mantra, logos, soube de quase todas as hipóteses
E tentativas de atingir totalidades
Matar religiões porque o negócio é meditares
O que entrava no ouvido era a respiração enquanto subias montes
Havia a paz e o amor mano, só não havia nomes para isso
Porque ninguém pensava que ia escassar
Enquanto não corrigirmos o teu destino é passado
E eu já estou aqui suspenso (vem aí man)
A alma faz nudismo e nem para tudo tens uma primeira vez

[Refrão]
Já fodi tudo
Queria regar um paraíso, inundei um buraco escuro
Que engole tudo

[Verso 2: João Pestana]
Numa manhã de vácuo, inventei o tempo e banhei-me nele
Senti o escorrer dos segundos pelo corpo e pele
A cada respirar exalava toda a vida e morte
Azar e sorte, fiquei com fome comi o espaço
E fiz de fel e bilis na sala de corte
Não é que me importe
Mas é ingrato distribuir fé a matilhas de ateus
Então a humanidade nasceu assim do aborrecimento de um deus
Decidi tentar uma ultima vez a formula furada
Juntar a semente sagrada com uma terra abastada
Mãe do tudo e nada, rocha embolachada
Que fiz especial no meio da maior fornada
Mistura salganhada então enganei.me na receita por um microssegundo, e aí sucedeu a maior explosão alguma vez vista pelo mundo, e ai vi, o sol e lua numa dança ancestral
Paixão carnal, que radia um e petrifica a tal
Bonito espetáculo, bebo mais um golo da ambrósia mais barata
No meu apartamento cavernáculo
No bairro de lata deste céu
Onde sou portador do meu furúnculo
Debaixo da unha tenho um tentáculo
Depois da ventosa tenho o mundo