Uno Consultório
Grilo da Malvadez
[Verso]
Ele vai andar sempre atrás de ti, debaixo dos reflexos do teu álibi
A saber enfim, quais são as reais razões por trás do teu Sim
Ou talvez desconsiderado com o próprio amarfanhado
É demónio de marfim nos confins calcificado
Faz tão faz parte da mobília como faz o teu passado
E quando te retiras no conforto dum recanto conquistado
Te sussurra ao ouvido que este não é o teu fado
Não sacudas a capota que só chove desagrado
Não há ninguém nesta sala que perceba do que eu falo
Os corredores também desdenham
E não me largam um bocado
Em qualquer espelho vejo que espreita num desprezo blindado
É tudo culpa dele
Grilo da malvadez que vive no teu cabelo
Deus marionetista do teu pensamento
Fez a toca num profundo pedaço de ser
Agora cumpre se como grilo e canta o que não queres saber
Num tom cínico, com o seu olho clínico
Para um demônio tão pequeno nunca pecou por tímido
Inoportuno como veio ao mundo, espalha em alheios ouvidos
Antes contidos receios íntimos, ecos únicos
Não recuperáveis depois de inalcançáveis
Dados ás comadres, todos são mexericos fáceis
Se dás a mão à quem por lei degusta corpos frágeis
Serás amuse bouche dos insaciáveis
Ele diz te para seguir por aí
Onde quer que vás sem ti, só com ele a dizer que tens de ir
Vês olhos na plateia mas confias nos amigos
Já cá estava desde de sempre afinal é o teu grilo
Ao cair do escuro se silencio for brilho
A mente e uma arena e ele vai lutar contigo
Quem cantará com mais afinco