(Verso 1)
Mais um dia sombrio, de janeiro, chuva e frio
Passeias tu sozinha pelas ruas do Rossio
Ninguém te viu, gritas, ninguém te ouviu
Sozinha no teu mundo espalhando o teu vazio
"Olha o patinho feio", era risota no recreio
O tempo na vida vai, o trauma consigo veio
Um sonho acabado a meio, pelo medo e o receio
Injúrias, ofensas, mudanças, anseio
Ela é perfeita, linda cintura estreita
Invejada, idolatrada, todas pedem a receita
Mas vive insatisfeita, é linda para quem espreita
Na foto sorridente mas chora quando se deita
Senhora da TV com máscara que ninguém vê
Modelos na passerelle são folhas que ninguém lê
Usadas, plastificadas, enganadas sem porquê
Tu és livre, uma mulher, beleza sem cliché
(Refrão)
Toda a mulher quer ser a Cinderela, toda a mulher quer ser atriz de novela
Vais ao ginásio para ficar mais bela, pintas a cara para ficar mais bela
Roupa da moda para ficar mais bela
Mas depois, olhas-te ao espelho e vês, não és aquela
(Verso 2)
Pára de dizer eu queria, pára de dizer um dia
A bela doce da TV é linda mas crua e fria
É tão fútil e vazia, uma jóia sem valia
Que perfeita, só de vista na montra da galeria
Tanto homem inocente que só vê beleza à frente
Mas beleza e pele macia nunca dura eternamente
Vá homem pensa diferente sim, beleza é permanente
Lealdade, amor real, nem toda a rosa tem incenso
Tu não és um grande peito, nem um corpo sem defeito
Não queiras ser perfeita num mundo tão imperfeito
Oferece o teu respeito, faz da diferença proveito
Moda virou padrão, é tudo igual, do mesmo jeito
Pensamento inacabado mas mulher, deixo um recado
És guitarra portuguesa por detrás de um belo fado
Tens o teu significado, olha para a frente e não para o lado
Tu és mais do que beleza com um sorriso e um bom rabo
(Refrão)
Toda a mulher quer ser a Cinderela, toda a mulher quer ser atriz de novela
Vais ao ginásio para ficar mais bela, pintas a cara para ficar mais bela
Roupa da moda para ficar mais bela
Mas depois, olhas-te ao espelho e vês, não és aquela