Makalister
Cartas Que Deixo Para o Vento
[Verso 1]
Desmato o centeio
O caminho se clareia e se mostra sob as luzes da centelha
O rosto na ribalta com resíduos de épocas passadas
Teias de aranhas, poeiras, estandartes jogados às traças
Memórias, lugares que passei sem querer visitar
Por onde meus instintos decidiram guiar
Gosto quando desapego como cartas que deixo para o vento
Garrafas, quadros, retratos no meu quarto
Meus textos se personificam e bailam
Me chamam pra levantar e sair mas estou a dormir
Cansado de ver, ouvir, resistir ao tempo
[Verso 2]
Emergente como o susto no pássaro no beiral da janela
Exausto, sem saber como fugir
Confesso que as vezes me sinto
Como um peixe que habita a mais profunda fenda no oceano
Crepúsculo que é plano pra naufrágios
Voluptuoso e solitário
Derrubo coisas quando acordo procurando meus calçados
Encharcado de suor de sonho louco
Acho que vejo o miasma pelo cômodo
Estão podres as daninhas e o mofo
Pútrido, se faz adubo pra que nasça novos rumos
Pisei descalço e vi que o chão estava úmido
As vezes sinto que é meu último dia nessa guerrilha
E acendo um cigarro de camomila
Vou pra orla na debria só pra ver minha subida refletida no espelho d'água