[Verso 1:Aaron]
"O sol nasce todo dia pra alguns
E num adianta vira a costa pra luz
Sendo que a realidade que domina
Deturpa a mente e faz nos ver distante
Socialmente
Viver consequentemente indevidamente
Disseminando o ódio contra nossa própria gente
Um plano presente
De quem se encontra, no topo da piramide
E nunca paga a conta
Virando formiga, contra formiga
Depois só queimam o formigueiro pra
Brindar a nossa briga
Mas é mais lucro escravizar
Depois de nos separar
Um povo desunido e sem crença
É mais fácil manipular
Cultura sem incentivo, ditadura é velada
Reflexo de tudo isso, só olhar pra quebrada
Os moleque ainda acha que o sucesso é o pisante
De mil reais, e teu coração num cabe na estante
Eles não querem te ver informado
Pra eles é perigoso o filho da senzala alfabetizado
E quando nossa aldeia publicar nossa história
Vão ver quem é vão, tentar apagar nossa memória
Nós vivem um tabuleiro preto e branco
Sangue derramado de Kayapó e Banto
Sociedade xadrez ainda das seis as seis mais uma vez
O pião linha de frente é homem bomba
Pra defender um rei que descansa na sombra
Mas uma hora tomba, pois promove o hecatombe
Apocalipse pessoal diário, chamado fome
O povo se reúne em praça pública
E adere ao ditador
Acendedor da fogueira da guerra
Com lenhas do ódio
Cortado com o machado da opressão
Jorrando faíscas de sangue produzindo
Alienação
Muito amor pra todo globo e poder pro povo
Muito amor pra todo globo e poder pro povo
[Verso 2:CARDOSO]
Não é o índio de cocar
O patrão da coca
O firma de coque
Beirando o poste da esquina
Não porta helicóptero para o transporte
Da cocaína
Sem contrato com o magistrado
Que garante mais um processo arquivado
Não ver nada ofuscado pela neblina
Rap é a luz, a querosene
A lamparina
Os Mc's manos e minas
Carregam em si o peso da palavra
O fardo, o que faço me deixa
De alma lavada
O descaso com a quebrada
Mancha de sangue as calçadas
Vagando nas madrugadas
Sem pena dos que fazem sofrer
Negros, pobres e indígenas
Marcados pelas feridas
Quantos tiveram que morrer
Não venha desmerecer
A causa é legítima
Nesse conflito o interesse
Dos grandes, faz várias vítimas
A busca pelo poder e o capital
Funcionam como uma máquina mortífera
Ah, eu vou sair pra respirar
Aproveitar que ainda não tiveram a ideia
De privatizar o ar
Traz pra cá
Essa uzzy e esse AK
Utilizam a guerra como forma
De lucrar
Diversar formas de exterminar o homem
Mas não encontram a fórmula pra erradicar a fome
Brasil sem miséria? fala sério
Que bom seria, se fosse a vera
Seguimos vivos do DF até a Cidade velha
Já decidi meu lado, vire a esquerda
É nós favela
[Verso 3:REF]
(Liberdade é poder sorrir em meio a guerra
Que não foi declarada no meio da selva de pedra
Liberdade é poder sorrir no meio da guerra
Mais um sobrevivente do Areal a Cidade Velha)