[Verso 1: Marcelo D2]
Baseado em fatos reais, perto do ano 2000
Liberdade de expressão, aqui, nunca existiu
O que eles querem, eu sei, é me deixar de lado
Polícia bate no povo e o povo aguenta calado
Dizem que faço apologia porque canto a vida
Querem tapar minha boca, enquanto fecham a ferida
Acostumado com o poder manipulando mente
Fique sabendo, compadre, comigo é diferente
Rua! É o lugar de onde vim
E de lá vem a verdade de muitos iguais a mim
Vou te lembrar uma coisa, um velho ditado popular:
A lei tarda, tarda e tarda pra falhar
Roubaram, mataram, levaram o dinheiro do povo
Querem me calar, mas olha eu aqui, de novo
Direto do Rio de Janeiro, zona norte
Correndo atrás, com muito trabalho e sorte
Malandro que é malandro não enverga
E quem sou eu pra ficar quebrando regra
Senhoras e senhores, tô chegando aos céus
Black Alien, bem-vindo ao banco dos réus
[Verso 2: Black Alien]
Eu sou pago pra rimar, eu rimo pra ser pago e até preso
E, desta história, ninguém sairá ileso
Não subestime meu time
Toc, toc, police!
É uma questão pessoal me pegar no crime
Mas eu te trago más novas
O nascer do sol se mantém sublime
De um lado eu tenho Bob, do outro eu tenho Jimmy
I rock around the clock, no style do hip-hop
Da lírica Beretta ou da lírica Glock
Sentado no banco dos réus, ao lado do rei
Meu foco é a minha sentença, eu sei
Hora do pesadelo, bem-vindo
Cego num asilo, mar gelado
Caindo no pelo, luz no fim do túnel
Alarme falso
Prazer em revê-lo, decepcioná-lo
Sangue na cena do crime vaza pelo ralo
Impressionado, eu dei um-dois no que Deus não me pôs
E eu tô enjaulado
Mas continuo no páreo
Black Alien, estilo livre, função MC
Culpado até provarem o contrário
[Verso 3: Black Alien]
Pra quem vem do passado, o futuro é diferente
O presente no tempo presente
O meu futuro é outro
Eu vou estravazar com o melhor da gente
Eu pico a mula, toco o barco e passa a bola, urgente
Como um bravo bombeiro
Meu semelhante, eu resgato
E lavo a jato a visão distorcida dos fatos
A hora é agora e o lugar é aqui
Revolução, televisão não vai transmitir
Autoentitulados DJs e MCs
O espaço entre a paz e o inferno é um triz
Não vim à toa, e vou ficar para sempre queimando
Espalhando essa lava fervente
Sem rabo preso ou assunto pendente
Ninguém passa o pente no alienígena residente
Me pergunta se tô pronto e te digo o tempo todo:
O tempo passa, o tempo passa o rodo
Momentos lentos enquanto detentos
Ano novo, nada próspero, o fundamento
O escadinha de helicóptero
Detritos federais me botam na sequela
Só quem tem sangue bom que não amarela
Com vocês, meu companheiro Marcelo
[Verso 4: Marcelo D2]
"Os cães ladram, a caravana para"
Foi o que 'cê disse, otário
Mas estou aqui pra te provar o contrário
Meu raciocínio é muito rápido pra entrar na sua mente
Então, cuidado
Vai ser assim, daqui pra frente
Não gostam do que falo, me jogam na jaula
Acho até que tive sorte, outros vão pra vala
Correndo atrás de mim, querendo me pegar
Tão confundindo, não sou nenhum Pablo Escobar
D2, não somente o rei
Só me meto onde sou chamado, só faço o que sei
Só quem teve lá sabe como é que é
Um abraço, seu Raimundo, Pavilhão 2 e CPE
Passarinho na gaiola não canta
Mas um bom passarinho bate a poeira e levanta
Sai pra lá, pela-saco, não vai me alcançar
E se alcançar, vai ser difícil derrubar
Esse é um pedaço de uma história que eu passei um tempo atrás
Baseado em fatos reais