Quinto Andar
Madruga
[Verso 1: Shawlin]
Em cada esquina, em cada rua da cidade
Ausência de buzina da espaço a tranquilidade
Observe a lua que anula a sua ansiedade
Inspira a escrever rimas com única finalidade
Jurar fidelidade e lealdade
A quem me faz refletir e persistir pra não parar pela metade
De dia se instala no caos, de noite outra realidade
O perigo tá aí, escapar dele é pra quem sabe
Sirenes, tiros, alguém foi ferido à bala
E o que se fala por aí, mas quem viu tudo se cala
Silêncio é arma, o céu acalma e o resto é carma
Todos em casa, madruga é alma, na rua é sarna
Eu conheço cada hora que passa como a palma da minha mão
Acho um descuido encontrar refúgio ao olhar pro céu com toda atenção
Porque o céu ao olhar pra baixo só vai ver sangue no chão
Verdade verdadeira a compor tumulto com os planetas
Eu te mostro o meu amor, cê me mostra as estrelas
Quem dera eu morrer podendo vê-las
Com as mesma vistas que quando crianças queriam tê-las
Pôr o universo dentro de um pote, a nebulosa brilha forte
Me desejando uma boa sorte para o dia que vem
Quem sabe até lá eu não tô no além
O sono já chegou, me sinto incrivelmente bem

[Verso 2: Matéria Prima]
Na madruga se assustam com as próprias sombras
Com todos os sentidos aguçados e instintos animais atiçados
Em casa alguns cansados repousam e enquanto isso
Criaturas da noite pousam em seus ninhos
Se cortam caminhos em busca de segurança, às luzes me alinho
Dependendo de onde estiver a mente inquieta como um redemoinho
Se vê mais do que se pode ou espera
Enquanto o ônibus espera belas se revelam feras
Se vêem violências por meras coincidências de rotas
Se vê tanto sangue e porrada na madruga rabugenta
Quanto que a tristeza afugenta, o corpo se esgota
Na pista quem tenta conquista
Através da vista esperando que o oposto invista
Tendo em vista um despir, despista
Encontro outros fora da lista
As horas conta pra ver o sol que desponta ao leste
E não se desaponta, se aproveita um pouco de sereno que reste
[Refrão: Shawlin]
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo, ainda tô pensando na rima
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões, insônia, problemas, rotina
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo e ainda tô pensando na mina
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões e sono, guerra contínua

[Verso 3: Matéria Prima]
Na madruga tem maluco que te aluga com suas lástimas
E no seu ombro enxuga as lágrimas
Pois julga drásticas as medidas que a vida toma durante o dia
Então espera a meia noite pra pegar o expresso e iniciar sua fuga
Mágoas se afogam no copo
E até a última gota se suga
E continua a saga cego
É por isso que de muitos me desapego
De fino saio e tropeço em fatos
Caio na real até o raiar do astro
Que dela não deixa mais rastro
Claridade surge no céu como bandeira erguida por um mastro
Indicando um turno que se volta a correr riscos como os scratches de Castro

[Verso 4: Shawlin]
São duas da manhã na porta de casa, fazendo fumaça
A rua vazia e a mente cheia de cachaça
Largado no meio fio, clima meio frio em pleno Rio
Não há nem um pio, então pelo silêncio eu me guio
Confuso com tudo que tem acontecido
Tento ter tudo esclarecido, relatando os fatos prum amigo
Procuro soluções pro que acho que é um caso perdido
Que me encontrou, e agora eu fui esquecido
Sou só eu, corujas, morcegos e ratos
Gatos pardos e gatunos andando pelos telhados
Caco de vidro quebrado e o vizinho sai de sua casa assustado
Pra saber o que há de errado e poder dormir sossegado
Não há nada, por isso que eu amo a madrugada
Por que quando o sol subiu tudo chega e a paz acaba
E só roncos de carros deixando as vozes abafadas
Britadeiras e formigas esmagadas nas calçadas
Mas depois vem o ritmo noturno, pra quem gosta do turno
Com caderno e caneta no meu quarto eu me enfurno
E eu vou rumo ao verso, eu estudo e converso em voz alta
E assim eu posso ver se tudo tá certo
A madruga inspira o som a ficar puro e completo
E arrogante com coturno a jogar sujo e perverso
Me inspira a fazer letras, também a fazer tretas
Uma hora ruim pra quem é deixado e maravilha pra quem deixa
[Refrão: Shawlin]
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo, ainda tô pensando na rima
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões, insônia, problemas, rotina
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo e ainda tô pensando na mina
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões e sono, guerra contínua
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo, ainda tô pensando na rima
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões, insônia, problemas, rotina
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo e ainda tô pensando na mina
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões e sono, guerra contínua
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo, ainda tô pensando na rima
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões, insônia, problemas, rotina
Dia, noite, madruga, matina
O sol já ta nascendo e ainda tô pensando na mina
Tarde da noite, madruga na esquina
Reflexões e sono, guerra contínua
[Saída]
Nã-nã-nã-não pare
Nã-nã-nã-não pare
Nã-nã-nã-não pare
Nã-nã-nã-não pare
Nã-não pare
O povo, os trabalhadores, os patriotas e democratas
Unidos, em ação, vieram para a rua, para dizer o que querem