Johnny Virtus
Juntos ao Luar
[Refrão]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão

Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão

[Verso 1]
Cai a chuva na cidade e esta brilha
O cheiro é aliciante p'ra quem observa e fica
Tentado a ser pedaço do bagaço que a faz linda
Ou resto de uma garrafa que tende a ficar vazia
Era uma vez a noite numa rua tão sozinha
Enquanto esta se habitua a ter a minha companhia
Sou parte da mobília, como parte de mim esquecida
No que restam de trapos e partilhas com a vida
Acham-me triste, louco, os que passam mendigando
Sentimentos de um banco que só me tem aconchegado
Eu já estou bêbado. Posso dormir descansado?
Pobre desgraçado que adormece ao meu lado
E todos estes com quem partilho o telhado
Aberto a putas e vadios desgastados dum trabalho
Há sempre luz neste enorme quarto
Ou um quarto crescente que nos observa afastado
Juntos ao luar, eu e a bebida
À espera que um carro com voluntários
Chegue e nos traga comida
E porque ainda é cedo
E há sempre tempo para acender um cigarro
O tempo leva sempre isento

[Refrão]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão

Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão

[Verso 2]
Há muitos abrigos, cigarros e vinho
Histórias qu'inventaram histórias para escrever no destino
Tudo começa no casino com dois copos de whisky
Os meus dotes no vício eram os cortes no físico
E nada é como era antes, sorte de principiantes
Casamentos com lamentações distantes
Muitos quases fizeram de mim um prazo limitado
O que nem num passepartout eu tinha um espaço reservado
Favores pagam favores, mas não limpam mau cadastro
Como posso ser um bom pai se não sei ser bom padrasto
Como suposto, princesas perderam sapato e rosto
Porque o príncipe embebedou-se
E transformou-se num monstro
Deram as doze badaladas, com doze garrafas
Muitas casas e demasiadas semelhanças
Não basta seres um santo se adormeces com o diabo
O amor é cego e não tolera observar-te
Às vezes fala a moral, eu vocalizo
Mas focalizo mal por só ver o que me importa
Assumo ter a culpa numa vivência humilde
Com uma história igual à tua só com um final mais triste

[Refrão]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão

Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão