Johnny Virtus
História de Todas as Histórias
[Verso 1]
Havia um reino em que os réis tinham outra abordagem
E bobos são as pessoas que não fazem mas que sabem
Há um sítio até bem próximo e pouco se fala disso
Na verdade aí não falas palavra mal entendido
Arrancam as virtudes, cedo aplicam força bruta
Há um ensino de borla mas numa escola de burla
Entende, lá ninguém acompanha putos á creche
É o costume que os encosta a parede e grita cresce
Porque há pais ocupados, atarefados, lotados
E vendados e daí não haver outro modo
Braço dele é pesado, o dela é pisado
A mão dele segura a guita dela a um preço, quem é que pode...
Irmão mais velho demonstra como o exemplo fracassa
O emprego não bate á porta, arranjou á porta de casa
Mais amigos que sorte, amizade ao encargo
Se mão bate na mão a cara bate na grade
Pernas extensas, rumor se a gravidade enterra
Essa raiva berra, como se a dor fosse da terra
Já nem há lemas porque por ele já muitos pagam
Vê-se bem que os mudaram, lá desfazem lá se pagam
Idolatras um parente em cada três valente
Para começar um mês polivalente para tê-lo ao fim do mesmo
Sob esgotamento de lutas anormais
Sem tremer com os pés no chão em terramotos emocionais
Tens contados, bocados que confundem peças soltas
São respostas mas no fundo não fundem em quê que encaixas
É estranho como as coisas se iludem
Ter um contrario porque convém que as cenas não mudem
Porque que achas?!
Alguns mandam-se p'ra sonhos p'ra sorrirem doutra forma
Ou atiram-se da ponte por não haver queda para a escola
Come! Só há um prato e se não há, alguém explica
Come. Aí quem não petisca arrisca
Arrisca!
E nesse reino preservar a família é ter um tecto
A importância dos afectos não é mais do que fetos
Fazem brinquedos com medos que apedrejam crianças
O único arco-íris que viram tinha sete linhas brancas
Respostas em branco ficam p'ra dona da casa
Ganhou a cara metade para perder metade da cara
Mulher de clínica, paixão á primeira vítima
O homem é bófia, vai fazer queixa a polícia
E quem se mete volta de pressa é mesmo assim
Vai morrendo por ali até que alguém encoraje o fim
No parapeito observa o resto de gente louca
Murmurando, a voz do povo engoliu-se na própria boca

[Refrão]
Havia um reino mau, sabias disso não
Sabias que os contos davam essa visão
Mas quando vires é tarde
Aí tu farás parte
Esta é a história de todas as histórias
Havia um reino mau, sabias disso não
Sabias que os contos davam essa visão
Podes até ver cedo mas rejeita-lo não
Esta é a história de todas as histórias

[Verso 2]
Esta é a história de todas as histórias
Não relatadas por rejeição á memória
Porque em todos esses livros infantis, elas não são
E quem as corrige cumpre cem anos de solidão
São falhas populares escondidas noutros lugares
Encobertas com magias ou perícias de boatos
Será que dormes bem o facto de não tar tudo bem
E quanto bates disso menos e dizes "está tudo mãe..."
Entendes as lições que a casa tem de cumprir
Tapa os olhos, ou encolhe-os, ou também podes dormir
Não há fantasmas, há pessoas boas mas encaras
Nos contos pede para não contarem as últimas páginas
Pede uma história que viaje sem traje
Em contraste sobre histórias nas quais não age
Enquanto cobres o teu medo por baixo de uma almofada
Pesadelos vivos correm-te imagens adulteradas
Numa chuva de estranheza mas a culpa é do ouvido
Que sentido fazem sentidos para histórias sem sentidos
Não é senso comum, não é filosofia
É não senso comum e toda a gente já sabia!