Johnny Virtus
Até Sempre
[Intro: Sophia de Mello Breyner Andresen]
"... nós vamos escolhendo a eternidade neste mundo, quer dizer, que é já aqui que nós construímos e criamos a eternidade, e aquilo que vamos encontrar é aquilo que nós formos capazes de encontrar já aqui."

[Verso 1]
Sempre, tenho vindo a tentar transformar
O que transformou Mensagem em algo de tão vulgar
Até sempre. Sinceramente, não tou acostumado
Ser julgado como um dado ou ser jogado como um dado
Tenho amor à camisola, não a vistas porque sua
Criticas por eu vender, é porque não sujaste a tua
P'ra cem braços cruzados. Eu não posso fazer mais
Eu dou um braço a torcer porque no outro eu tenho o mic
E p'a sempre ficarei assim. É isto que m'explica
Tou p'atrás mas p'ra sempre como alguém acredita
Até hoje. O que me custa perceber
Uns percebem p'ra desprezar
Outros desprezam p'ra não perceber
E se tudo já foi dito, deixei líricas sensatas
Não queiras dom da palavra, dá-me o teu tom das palavras
Admito não ser fácil ser fiel como o sotaque
Mas é fácil ser mais forte e ter uma vida inapto
Não perguntei a hora p'ra chegar e marcar ponto
Sou imprevisível como as 6 da manhã do Porto
Incomodado? Não, até tou bem acomodado
Sentado no meu sofá por nada disto ter mudado

[Refrão]
Até sempre, eu
E se eu não tou correto
Até sempre tu
Sentes-te incompleto
Até sempre, mas
O que é que tá mais perto?
Eu ser correto ou só lutar p'a ser eterno

Até sempre, eu
E se eu não tou correto
Até sempre tu
Sentes-te incompleto
Até sempre, mas
O que é que tá mais perto?
Eu ser correto ou só lutar p'a ser eterno

[Verso 2]
E com uns trocos levas o teu rap ao surto
Não tens quem to ature
Não tens quem atualize a atitude
Decibéis. O que tens porque vens. Não aceito um!
P'ra muitos sou um qualquer que não rapa p'a qualquer um
Leucemia musical pôs-me no local do crime
Por células imaturas escutarem o que eu rimo
Há sete anos em fase de degustação. Angústia
Sobrevive nos concertos a comer massa da indústria
Fechados tipo sufoco de novela
Ao menos façam-nos peixes em aquários como Herberto Hélder
Resultados mal conotados no corpo da cultura
Não interessa. Corte e costura não picam na postura
Lá fora, pingas de ingratidão deram-me surra
Eu vi cá de dentro, vogo, e não m'abriguei da chuva
Pressa. Eu tenho pressa de ser mais um em mim mesmo
E até que ponto isso não me faz sozinho duas vezes?
E nesses momentos em que esses tiram-me o pio
Sinto o tributo como um velho senil que acena a Deus
Enganado, olhei p'atrás como Orfeu, por ser capaz de ser eu
Ver o rapaz que não deu tudo e mais um que morreu

[Refrão]
Até sempre, eu
E se eu não tou correto
Até sempre tu
Sentes-te incompleto
Até sempre, mas
O que é que tá mais perto?
Eu ser correto ou só lutar p'a ser eterno

Até sempre, eu
E se eu não tou correto
Até sempre tu
Sentes-te incompleto
Até sempre, mas
O que é que tá mais perto?
Eu ser correto ou só lutar p'a ser eterno