Johnny Virtus
Dias cinzentos, dias de glória
[Verso 1 - JêPê]
Olha p'ra ti, viciado em cafeína
A levar os dedos à boca à procura de restos de nicotina
Diz-me? Quantas noites passaste em branco
A escrever um romance que acabou por terminar em sangue?
Ya. A Julieta foi-se e o Romeu teve um derrame
Ao ver que o filme deles teve a importância de um reclame
E como em cada película existe o mau da fita
Tu sentas-te e fizeste o "rewind" na vossa vida
Assusta-te com os teus erros e só deixaste de tapar os olhos
Porque o braço que o fazia começou a levantar copos
Cuspiste em cada mão amiga
Mas foste perdoado porque entre amigos há pactos de saliva
Reticente, demoraste mas percebeste
Que és um reflexo das escolhas que fizeste
Porque no fundo, numa vida de decisões
És tu que decides viver d'arrependimentos ou recordações
Ouve!
[Refrão - JêPê]
E as estrelas lá em cima choram
Em honra de quem viram partir
Adormecem, mas logo acordam
Para receber quem está p'ra vir
Cruza os dedos e agradece
A Deus ou a quem te possa ouvir
A tua fé és tu qu'escolhes
Acredita! Não chores, melhores dias hão-de vir
Vais ver ...
[Verso 2 - Minus]
Bem que acenaste, mas dizer adeus não chega
Há quem te compreenda, há quem t'esqueça
Parte da disposição encontrar razões na tua ida
Pois de boas emoções encheste um saco de mentiras
Foram desgostos ou meses de Agosto aborrecidos?
Foram os outros ou poucos quiseram ir contigo?
Foram promessas que adocicaram línguas
E deixaram-te com sede de beber o que outras tinham?
A ambição de ser um bom profissional, de ter um currículo limpo
E mais trocos que o habitual?
Foi Portugal que virou costas ao qu'inspiras?
Deu-te uma viagem d'ida e saudades duma família?
Foi o que foi. Não há histórias sem heróis
Hoje móis por dentro, mas nos olhos dói (Eu também sinto)
É o que é. Também arquivo o meu percurso
Hoje, mais do que nunca, sei porque foste (Eu aqui fico)
[Refrão - JêPê]
[Verso 3 - Virtus]
Foste morar numa vida sem namorar a vida
Dada, à partida, sem garantia como garantias
Garanto-te que, nem sempre, o que começa acaba
É do Inverno ou desta quinta estação que nos separa?
Tem-te custado mais ter o consumo contado
Já não há guito com fitas, se não as fizeres com fato
E gastas em 4 mensalidades, nas 4 cadeiras
P'a teres o nome num quadro e comprares 4 cadeiras
E no pesar disso tudo há um apesar disso tudo
És bom miúdo, disfarçado de bom adulto
Na geometria diária não existe a forma certa
O sorriso é a única curva da mesmice tão reta
Endireitaste a cara para valer uma nota
Não queiras tronos. Os réis só têm a cara numa nota
Não cresças o tempo todo. Assim não tem piada
Se fores o mais alto, ninguém vai ouvir a gargalhada