Johnny Virtus
Sono Profundo
[Verso 1]
Sou uma espécie de indivíduo
Com um défice de interacção
Num péssimo lugar que eu dividi o meu princípio
Conduzi-o, não fiz pausas nem corridas
Eu não andei adormecido
Só estive a acordar para a vida
O meu odor é claustrofóbico
E o meu teor já não tem tópicos
'Tou sozinho a tratar do meu piso
Quantos não pagam o meu riso
'Tou só a contar os trocos
Desliguem os holofotes que eu também quero dormir
Lá fora o que não deste, vês como uns dão na combustão
Que a rotina faz, mas nela vês como uns estão
Parto a cavilha a meio e medito
Fico à deriva à medida que eu vejo tropas
Trocarem o euro por libra de repente
Não há remendo que a distância suporte
Ou te dás com quem te rodeia
Ou tornas-te um redor
Eu estou indoor mesmo que a ida regresse ao mesmo
Passar do centro das atenções ao Centro de Emprego
É que também prestei serviço à espera
Que a Luci visse eu a agarrar numa medalha
Mas tanta tralha fez-me ser vice
É a gravidade do não, ter um vazão no vazio
E “Doze Nós numa Corda" p'ra ficar por um fio
Não há o meu quando sem como não fiz
Primeiro o meu cume sem ter primeiro
Pensado nisso um segundo
Não me exijam competências e rumos ou mais assuntos
Mais inúmeras coisas que ficam coisas com números
[Refrão]
Eu resisto ao que me acorda
Se isto é só uma prova eu corro o risco e não deixo o meu sítio
Eu fiz do sono a minha cova p´ra assumir a minha obra
Descanso em paz se ficar onde eu fico
[Verso 2]
Não há uma escrita que me dê essa coerência que medeia
E muda o plano que se vê para um adulto que planeia
Pior que duro é durar numa canseira sem freio
Pensar na sorte em sorteios para não pensar "Dum spiro spero"
Não te alicia se não andasses mais
A viver a esperança média de vida
A retina viu um sofá para quem a preguiça é óbvia
Eu vi-te com a fé ferida a perder a fome em paróquias
Há um silêncio que me engasga
Nos separa me supera e me rasga
E me força a força para uma lástima, mãe
Viste uma fórmula e não matéria
Achavas que encher a pança com filhos tira a barriga de misérias? Actos fazem-nos vê-los, brigas são novelos na casa
Onde a culpa grita os ouvidos têm paredes
Está dito e ponto mas noto que é um ponto e meio
Eu nem sei se 'tou meio pronto p'ra partir uma ponte a meio
Enquanto a mão coça a barba e eu rodo o pé dum copo
Há uma incerteza
Que eu sacudo para onde eu não olho
Agora remóis num relógio por quem se ausenta
As portas que o tempo bate
Perderam as maçanetas ficar só não é esforço
Mas necessário a muitos
Ajudo mais solitário do que solidário
Vi-me passar de honesto a modesto
E a aprender “outros modos” bro
Eu já tive opções, agora vivo hipóteses
Eu sinto um auge que paralisa eu estou no caos da "Anomalisa" com as pernas frias sentadas nos degraus
E depois? Passei bocados aos montes que não se juntam
E então?
São resultados de encontros que não resultam
É que eu sei, pessoas já são muitas as que vêem as nossas montras
Dançam nos nossos bares
Fumam nas nossas ruas
A nossa história podia ser como nos filmes
Mas foram tantos os filmes por saber de histórias tuas
[Refrão]
Eu resisto ao que me acorda
Se isto é só uma prova eu corro o risco e não deixo o meu sítio
Eu fiz do sono a minha cova p´ra assumir a minha obra
Descanso em paz se ficar onde eu fico