Johnny Virtus
Desertificação
[Letra de "Desertificação"]
[Verso 1: Chek]
Nós somos indivíduos divididos
Estar ou não sozinho?
Multiplicamo-nos
Mas não dividimos os nossos perímetros
Seres vivos, árvores e animais extintos
Esgotamos os recursos, respiramos materialismo
Esses reactores nucleares trazem poucos benefícios
Nem que sejam enviados p’ó espaço todos os seus resíduos
Destruiremos habitats quando o gelo houver derretido
E o Árctico levar as tempestades para o Pacífico!
O fumo propõe um mundo pouco nítido
Como um espelho do que fomos. No fundo nunca reflectimos
Mas se o planeta é extenso
E o universo imenso
O nosso envolvimento tem que ser muito mais denso!
A gravidade da terra não nos mantem deitados
Mas a gravidade dos actos, impede-nos de voarmos
Ao misturarmos Amor e Ódio ambos ficam errados
Os sentimentos não têm nomes, têm significados
[Verso 2: Each]
Evoluímos de acordo com um conceito que definimos
Ainda nem existem nomes
Para tudo o que nós descobrimos
Antes abríamos portas hoje já as construímos
E vemos o mundo à nossa imagem
Logo não vimos
Tapamos buracos cavando-os noutro sítio
Sendo causa e consequência
Desta falta de equilíbrio psíquico
Trocamos árvores por edifícios
Cumprindo regras que quebram os nossos princípios
Controlando instintos vamos sendo extintos
Alimentando os transportes morrendo famintos
Porque a vida vai para além dos nossos limites
Vivemos a pisá-los
Só p’ra nos sentirmos vivos
Mas sentimo-nos humanos
A morte chama-nos atrás dos gritos
Incapazes de viverem no mundo que deixaram aos filhos
Expliquem-lhes o que são os esgotos dos rios
E p’ró que servem
E deixem-nos perceber de onde vem a água que eles bebem
Contaminando a biosfera e os ecossistemas
Que nem sabemos ao certo se alguma vez recuperam!
O gelo reflecte radiações na atmosfera, fundindo-se em água líquida, congelando as utopias
Enquanto os dias…
[Verso 3: Chek]
Passam a noites e as noites passam a dias
Como consequência da temperatura
As pessoas ficam frias
As praias mais vazias
Cidades mais compridas, menos limpas
Ainda assim mais evoluídas
Construídas sobre raízes
Com traços simétricos
Pomos mais sementes na terra
E florescem mais prédios
Imagino-nos rodeados por jardins sintéticos
Deitados junto às árvores com máscaras de oxigénio
Até que o mar engula e vomite casas destruídas!
[Verso 4: Each]
A economia digere as que se mantiverem erguidas
Evaporados os oceanos
Serão um só lá em cima
Moldando a crosta terrestre
Só com o peso da chuva
Precavemos acontecimentos
Que destas consequências resultam
Ambientes a que só as máquinas se adequam por milénios
Conservando gâmetas a baixas temperaturas
Talvez nas condições certas se auto-reproduzam
Na órbita de planetas e Luas
Cujas circunstâncias permitam que algumas evoluam