Johnny Virtus
Gestos Cinematográficos
[Letra de "Gestos Cinematográficos"]

[Verso 1]
Nós temos gestos cinematográficos de várias tónicas
Crónicas, que a censura molda-se sem escrúpulos
Ao tentar sermos únicos
Confundimos o público que nos aplaudia
Sempre que eu fazia algo por ti
Tímido ouvi
Comentários que eu não vi em mim
Num amor que é cego
E que sabe ver que este tem um fim
Enfim, não chega o complexo de ter ideias
Ao saber que não anseias ver para além de uma montra
Num jogo de faz de conta
Eu sou só decorativo
Numa posição que estuda o folheto informativo
Para saber que nunca tive
Ou saber que nunca fui
Mais que o preço daqueles que pagam o que tu possuis
É o que chamam de aparência
Deficiência humana
Agarrado a uma etiqueta que te vende com a marca
À parte disso somos dois
Para somar ao tédio
A medicar desgosto por não ter outro remédio
Sempre fomos um modelo
Somente um exemplo
Por detrás de uma vitrine que só mente
E por detrás deste refúgio que nos expõe ao público
Já só existe o ódio de nos termos um ao outro
É o que eles sabem de ti
É o que pensam de mim
Assim, até que um de nós pare de insistir
Até que um de nós saiba o seu lugar
Pegar ou largar
Sem que a palavra conte o mesmo para amanhã

[Verso 2]
Lá fora a música ganhava a cor em três acordes
Num esquema modal 251
Fundamental em si
Sem argumentos eu ornamentava o teu sossego
E o bom tempo que lá fora sentias
Sem teres o mesmo
Hoje serve de perdão
Dar as mãos por aparência
Porque aquilo que os outros pensam
É fruto do que pensas
E os gestos ainda tentados pelo cinema
Tendem a dramatizar o que já não valia a pena
É que há um sítio
Para onde nos leva a velhice
Que nos reserva a chatice
De nos acostumarmos a servir
Enlouqueço enquanto enfraqueço sem dizer nada
De que serve ter a estima se ela só te massacra?
Sempre quis que tivesses conforto
E não se por estar vulnerável
[?] que sem sexo desmoraliza
Deduzi que a saudade fosse a nossa
Sem que houvesse uma fórmula
De sermos nostálgicos em uníssono
Eu gostava de não me lamentar enquanto brincas
Com as minhas fantasias
Pois sem elas desmotivas e entendo
Que a dúvida exterior te fascine
E que te sintas mais segura por encontrar
Quem concorde com isso
No entanto há um vício que te define
É o medo de estar sozinho
E a vontade de tu partires
Que é o medo de estar sozinho
E a vontade de tu partires

[Refrão]
Hoje já não há [?]
Temos os gestos baralhados no que fomos
Encenados no que somos
É este amor que não passa de fantasia
A dúvida que elucida esta vida de cinema

Hoje já não há [?]
Temos os gestos baralhados no que fomos
Encenados no que somos
É este amor que não passa de fantasia
A dúvida que elucida esta vida de cinema