Johnny Virtus
Da luz à escuridão
[Verso 1: Virtus]
Lá ia o meu sentido
Seis no meu caderno
Amarravam nostalgias com fitas de cassete
Auto-dependente ou pendente de um pouco
De uma noite num balcão até a esperança dar o troco
Feitiço de tanto rap mas num modo mais contido
Aprender o meu género apreender um estilo
Eis a forma como vejo a forma da idade
Que cozinhava o crescimento em dose de ingenuidade
Apanhava o expresso sem ticket para o rеgresso
Num CD sem carimbo andar no cimo submerso
Lеtras sem saldo temas não davam um palco
E a coragem agarrava-me o pescoço fala-me mais alto
[fala assalta alto?] e o skate vinha
Tentativas davam voltas e voltas eram partidas
Moinhos passaram para o chão e doía um coto
Coração não se expressava só com foot work
Mãos à obra sob paisagem de visões práticas
O sol torrava timidamente as paredes pálidas
Poesia mudava de mera para outra mira
E essas fadas viravam para fados por qualquer dia
Cuidado com as companhias
E o que era incerto deixava-me quieto
E não queria tardes vazias
Forças audíveis aos níveis mais fiéis
Fome desses papeis momentos comestíveis
Primeiros riscos eram notas de [apetência?]
Primeiro suspiro era o bufar de impaciência
Críticas diretas na face sem táticas
Pessoas fardadas de opiniões apáticas
Chata a ânsia mordia a minha adolescência
Tipo um primeiro bafo tão longe da consequência
Gosto em prosas compostas por um olfacto
No mastigar dos anos sabia-me a auto-retrato

[Refrão: Mundo Segundo]
Não, eu não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão

[Verso 2: Virtus]
Senti duas certezas juntas para o mesmo fim
Por linhas sem direções
Pautadas por três questões
Antes, agora e depois
E deu-se a poção certa
Atenção passa a tensão ao que nunca te desperta
Cadernos ficam graúdos
Definem atitudes
Afinam outros assuntos que nunca tiveram grooves
Proibidas eleições
Estou noutro piso, estou conciso
Na boca de um rap onde já cresceu o siso
Trajetos mais concretos que levam duas vidas
Universos e batidas, idas são infinitas
Descidas são interditas ao sucesso pessoal
Manicómio de rimas num património visual
Fomento a decisão com o fermento da cultura
Enquanto os mal-entendidos fazem a minha sepultura
Sigo em artigos definidos e reais
Pontos finais para os que me pedem favores comerciais

[Refrão: Mundo Segundo]
Não, eu não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão

Não, eu não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão

[Verso 3: Mundo Segundo]
Entre espinhos e rosas
Recordações são preciosas
E amizades graciosas em fases mais melindrosas
Noites chuvosas
Pano de fundo Mundo e suas prosas
Cultivo a paz de espírito nas mentes mais ansiosas
Companhia no quarto ou na sala vazia
Alegria quando estás em baixo na sombra da melancolia
32 anos de história
Conheço a derrota e a vitória
Nossa ligação é notória e desfruto-a com euforia
Como seria sem sonhos na prática?
Provavelmente o mesmo operário
8 horas fechado naquela fábrica
Não conhecia de lés a lés o país onde estou
E provavelmente só seria metade do homem que hoje sou
Muitas vezes levei pancadas e portas foram fechadas
Festas boicotadas mas nada deteve o poder das palavras
Sem cair no ridículo
Trabalho o dobro e o triplo
Estou à parte das más línguas e do seu vicioso ciclo
Tinha um vínculo vitalício com a cultura em questão
Dei mais de metade da minha vida à poesia e à produção
Não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão

[Refrão: Mundo Segundo]
Não, eu não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão

Não, eu não vivo do passado
Só extraio a lição
O que é bom
Passa demasiado rápido
Da luz à escuridão