[Scratch: DJ Nelassassin]
Ouvir e calar
Corrompe a mente humana
Ainda vamos tempo

[Verso 1]
Toda a gente vai pensar em si primeiro
Se o soubessem talvez ninguém se importasse
Contudo fingem tal como eu faço só p'ra ter dinheiro
Suficiente p'ra viver num espaço fechado
Completamente à parte isolados do mundo inteiro
Certos de que isso é que é viver em sociedade
Na verdade são tristes num percurso sеm metas assim tão rotineiro
Eu semprе quis ser diferente, nunca me habituei
Agora tou preso a esta rotina
A sonhar com aquilo que nunca quis
Prestes a ser um velho frustrado e infeliz porque o tempo passa
E eu sei que vou passar as noites a pensar naquilo que não fiz
E que juntei guito p'ra ter um jazigo mais fixe do que a minha casa
Saio da cozinha com a louça acumulada (Sem ter nojo)
A cabeça cada vez mais acomodada (A ser hipócrita)
Nem é parte de mim 'tá só acoplada (Ao meu pescoço)
Consequência da utopia que alimentava ser distópica
Levanto-me com a mesma cara e a mesma falta de âmbito
Nada muda ao longo da semana, excepto o trânsito
É assim que avanço neste pára arranca quase frenético
Adormecido demais p'ra ter noção do quanto me sinto tétrico
Confuso e previsível como o interior do meu encéfalo
Indiferente ao que me trouxe a este dédalo
Encantando com tudo o que julgava ser supérfulo
Num processo que me deixa crente ao invés de crédulo
[Refrão]
Quando tu não vês e acreditas
És tal como eles, tu és tal como eles
És tal como eles
Quando queres o que não precisas
És tal como eles, és tal como eles
És tal como eles
Se fazes o mesmo que criticas, és tal como eles
Se pregas o que não praticas, és tal como eles
És contra mas não contrarias, és tal como eles
Isto vai ficar sempre na mesma porque sou tal como tu

[Verso 2]
Passei do cartão de débito ao de crédito
A vida não tem preço, a felicidade não se compra
Mas a ilusão justifica o meu empréstimo
Não tenho outro remédio se não pagar caro até ficar decrépito
É cultural este demérito sistémico
Não há nada mais natural
Do que comer o que é sintético (Aquecido)
Isso faz de mim obeso e desnutrido
Sob o pretexto de me poupar tempo
Morrer mais depressa não faz sentido
O que desejo é-me inconsciente
Logo acordo sempre mais adormecido
Menos ciente do que sigo
Eu tou doente mas esses medicamentos
Que me fazem menos adoecido
Deixam-me ao mesmo tempo menos protegido
Sou a cobaia para a evolução de um vírus
Existo p'ra lhe criar resistência
Fiz perguntas que não queria ter respondido
A alimentar um sistema que me dá aquilo que não preciso
Não vou ter filhos p'ra que passem fome com o que eu desperdiço
Quis fazer parte, quis adaptar-me
'Tou menos inserido então p'ra quê aplicar-me?
Se tudo isto é repetido eu nunca vou lembrar-me
Porque a verdade é que eu nem vivo, então p'ra quê matar-me?
Nem vale tentar
Que se foda tudo enquanto há carne p'ra comer
Em prática, pouco importa, vira a página
A fome só é negra em África
Condeno-os e imito-os desta forma sistemática
Porque a hipocrisia é assintomática
[Refrão]
Quando tu não vês e acreditas
És tal como eles, tu és tal como eles
És tal como eles
Quando queres o que não precisas
És tal como eles, és tal como eles
És tal como eles
Se fazes o mesmo que criticas, és tal como eles
Se pregas o que não praticas, és tal como eles
És contra mas não contrarias, és tal como eles
Isto vai ficar sempre na mesma porque sou tal como tu

[Scratch: DJ Nelassassin]
Chega de fazer o mesmo
Ouvir e calar
Todos eles com medo, generalizam demais
Corrompe a mente humana
É suposto sermos nós a pensar
Ainda vamos a tempo
Fingem não ser você