Johnny Virtus
Diligência
[Verso 1]
Quis-me afastar de tudo
Deixei o meu trabalho, afastei-me da família
Fiquei sozinho numa casa que mal tem mobília
Raramente 'tou com os meus amigos
Há quem não tenha escolha, mas eu sei que tinha
Queria conter a energia negativa que me envolve
Sem passar p'a nenhum deles
Guardei tudo cá dentro, não durou muito tempo
Agora não 'tou bem com nada nem comigo mesmo
Não encontro maneira de não vos afetar com isto
Não quеria estragar nada, mas fodi tudo com isso
Sentia-me prеso e agora reconheço
Quis tanto tempo p'a mim que sobrou mais do que preciso
Não queria perdê-lo, a vida passa depressa
Essa vontade fez com que falhasse em tanta coisa
Tenho de reconhecê-lo na situação inversa
Acabei a perder mais a corrigir essas escolhas
Larguei quem me dava quase tudo
Agarrei-me a uma pessoa que nem sequer se adaptava
E só me apercebi do quanto havia sido burro
Quando dei tudo o que tinha e entendi que não chegava
Fiz mais do que podia por quem não me dava muito
Queria-me longe, nem o meu espaço respeitava
Iludi-me com uma cara-metade que me deixou sem assunto
E agora nem metade me sobrava
Parei a ver onde é que isto me levava
Tinha de haver um motivo p'a tantos erros
Começo a pensar que vida me obrigava
A lidar com a mesma coisa até que eu a entendesse
Fui-me encolhendo, quase não lutava
Vendo bem as coisas, eu até mereço
Coragem era aquilo que eu precisava
Para ver que tudo o que acaba traz um novo começo

[Refrão]
Quis ser correto com toda a gente
Fazer o que é certo com o que eu penso
E agora entendo, sinceramente
Que nem cheguei perto do que eu pretendo
Queria ser diferente de quem mudava
Dar o coração a quem não mo dava
Sair da estrada, onde eu andava
Só para avançar no que me atrasava

[Verso 2]
Do chão nunca se passa, chega de tristeza
Limpa-me as tuas lágrimas, não fazem diferença
Sei que a dor é intensa, podes ter a certeza
É no calor do teu abraço que eu encontro a frieza
P'a me levantar e não deixar tudo na mesma
Mãe, ainda cá estamos todos e isso chega
Pai, 'tá tudo bem...
Sinto tanto a tua falta como a tua presença
Só vivemos uma vez
Ando a desperdiçar momentos com lamentações
Quando 'tou farto de saber que as coisas não têm porquês
Acontecem como for sem justificações
Não vai atenuar a dor eu dar explicações
Há que tomar opções e fazer p'la vida
E se vai ser melhor ou não descobrirei depois
'Tar a fazer suposições é gastar energia
Mas eu guardei tanta coisa até ao dia de hoje
Mais um bocado nem eu próprio em mim caberia
Porque levava tanto tempo a tomar decisões
Que aquelas condições mudavam e eu já não decidia
Sentia-me vazio, fora das dimensões
Só quando me perdi compreendi o que tinha
Deixei a realidade para me focar nos sonhos
Alimentei-os tanto que até já nem comia
Foi preciso doer ao recordar, para saber o que esquecer
Foi preciso parar, para entender o que fazer
Foi preciso perder, tive de abdicar
Para chegar aquilo que realmente queria ter
Não vou 'tar bem com nada se não 'tou com a minha vida
E na verdade eu não 'tou bem
Não vou negar, a responsabilidade é minha
Há quem não tenha escolha, mas eu ainda tenho

[Refrão]
Quis ser correto com toda a gente
Fazer o que é certo com o que eu penso
E agora entendo, sinceramente
Que nem cheguei perto do que eu pretendo
Queria ser diferente de quem mudava
Dar o coração a quem não me dava
Sair da estrada, onde eu andava
Só para avançar no que me atrasava

Quis ser correto com toda a gente
Fazer o que é certo com o que eu penso
E agora entendo, sinceramente
Que nem cheguei perto do que eu pretendo
Queria ser diferente de quem mudava
Dar o coração a quem não me dava
Sair da estrada, onde eu andava
Só para avançar no que me atrasava