Each1
Vislumbres
[Letra de "Vislumbres"]

[Verso 1: Each]
Escapas-me pela mão eu sinto que já não tenho força
P’ra inverter a situação porque cresceste
Em mim de tal forma
Que se tornou impossível segurar-te com os dedos
Atingiste uma dimensão maior que a do lado de fora
Mas por dentro és perfeita demais
Eu não me atrevo a pensar em ti de um modo exacto
Porque falho cada vez que tento
Insistes em fugir-me e eu em seguir-te
Em que nunca me aproxime porque ‘tas longe demais…
Algures perdida em mim
Temo que o meu próximo passo não seja p’ra onde vais
Mas eu tento
O pesadelo de não te ter
É melhor que ter outros sonhos
E o vazio é tudo o que me preenche

[Verso 2: Chek]
Porque enquanto foges do meu pensamento
Eu não sinto nada
Divago no branco enquanto certas cores aparecem e depois se apagam
E me acendem com a sua ausência
É aí que me sinto retraído
Traído pela transparência das palavras
Inexistentes como esses momentos
Quase nulos mas insistentes
Ao virem tantas vezes pergunto:
Será que me enganei e és como tu o resto?
Resta-me apenas uma folha em branco
Vou fechando o caderno
Sufocando o meu reflexo fico sem ar
Abro-te p’ra respirar o que sobra de oxigénio
Enquanto leio as linhas vão-se distorcendo
E obedecendo ao cansaço, fecho os olhos e adormeço

[Verso 3: Each]
Apareces quando desapareço
O tempo apaga alguns pormenores
Consigo ver-te com os olhos
Conheço-te exaustivamente
No silêncio cabem mais palavras
Do que em dois segundos que eu falasse
Se me calasse era capaz de te dizer tudo o que penso
Vivo na ilusão que alimento de vislumbrar-te
Só a possibilidade alivia-me sofrimento
Eu olharia até que a luz me cegasse ao fim de um tempo
E eu te ouvisse de uma forma
Que os meus olhos não viam
Quando me evitas, é quase como se soubesses que existo
E eu não existia
Enquanto não te procurasse

[Verso 4: Chek]
Tenho tentado falar contigo, calado
Se ao menos tu falasses
Talvez nem precisasse de explicar o que eu sinto
E o labirinto tornar-se mais pequeno seria apenas
A ilusão de ter saído enquanto ficasses la dentro
Porque eu tento
Mas tu decides as nossas direções
Agora entendes porque é que nos divido em dois?
Vou fechando o caderno
Pois hoje estamos ‘tão distantes
E as metáforas ‘tão vagas
Que já nem retratam nada em concreto
É complexo
Pondero a tua existência até quando apareces
Como se pusesses sobre os meus alicerces todo o teu peso
Impeço o nosso desmoronamento enquanto aguento
O tempo provoca fissuras por dentro
Inevitavelmente cedo