Each1
O Suficiente
[Verso]
Nenhum de nós tem a noção de quanto é que isto dura
Nem se deve pensar nisso muito tempo
Mas quando chega a altura que esse se laço se rutura
Ninguém julga ter pensado o suficiente
Enquanto as pessoas vivem elas vão-se adormecendo
Como se o importante lhes durasse para sempre
E a questão ficasse para trás unicamente pelo facto
De não serem capazes dе a ver de frentе
São coisas que evitamos
Assuntos em que não tocamos porque nos afligem
Pra não nos consumirem, até o conseguirem
Ao nos acordarem de repente
Lembrando que o silêncio não os impede de existirem
Toda a gente vive nesse limbo
Entre o assustador e o que lhes parece lindo
Oscilando entre as duas coisas repetidamente
Sem nunca estarem completamente num dos sítios
No ponto em que estamos, ninguém se compreende
Ainda mais distantes afastados do presente
E longe das pessoas, essas que tanto amamos
Perdemo-las aos poucos cada vez que as adiamos
Valem mais do que lhes damos
Não somos nada quando não choramos ou sorrimos
Porque é isso que faz de humanos
Contudo fingimos ser felizes nessa bolha que criamos
Reprimimos tudo em demasia, não há tempo
Não ganhamos muito em pensar no rumo que perdemos
Ser racional e ser frio são coisas diferentes
Recordamos sentimentos menos que os ressentimentos
Como se o amor fosse fraqueza e o rancor uma força...
Tão pouco, pólos opostos da mesma coisa
Não guardo nada que seja mau por mais que fira
Agarro-me ao passado porque isso ninguém me tira
Vejo tanta gente com pressa p'a ter o que não interessa
Qual de nós na maior fantasia?
Por mais que doa viver desta forma intensa
Vale a pena a tristeza como consequência da alegria
Prefiro uma bagagem pesada a uma vazia
Prefiro uma miragem ousada e ao fim do dia perder-me
Sabendo que fiz tudo aquilo que eu podia
P'ra chegar onde quero mesmo que não consiga
Só lida com a falha quem tenta, eu sou um desses gajos
A insistir no que acredita ainda que não exista avanço
Admito o insucesso na maioria dos casos
Contudo confesso ter orgulho em todos os falhanços!
Não vou mentir, dizer que não me canso
Correr e não chegar a um ponto certo é desgastante
No entanto, pensando bem no quanto
Me custa ficar parado percebo que isso é ainda mais frustrante
Nada desvanece como fumo, tudo fica
Pior é ter a noção que no fundo me intoxica
A fingir que sou de ferro com a minha cabeça em água
Não me afoga a mágoa só me enfraquece quando oxida
É claro que me importa se esmorece a energia
Que se foda se não se transparece como queria
Sendo brutalmente honesto com o que vejo
Só não vou aguentar o dia em que olhe o meu espelho
E ele já não me reflita