Rodrigo Ogi
Bang!
[Refrão: Adriana Drê]
Quem é quem nessa multidão?
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho
Em todo momento atenção
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

[Verso 1: Emicida]
Neguinho o caralho, meu nome é Emicida, porra!
O zica, corra, trinca, brabo, desde a "Ooorra..."
É o fim da zorra, vim dos free que é mate ou morra
Frio, masmorra, tio, do morro à desforra
Couro, Etiópia, sépia, luz própria
Rap é anticópia, né, fi? Deixa em off
A fama e os click-click, ouço um Slick Rick
No bote igual Deeplik, ligeiro pique wikileaks
São velhas agonias, novas tecnologias, jão
Vim pra ser Ben 10, moleque monstrão
De volta no ringue, swing no bang
Dando sangue, até o fim, fé, Dorothy Stang
O gueto morrendo nos corró
E o rap brigando na net pra ver quem tem um tênis melhor
É cada um com sua cruz, jão
À la Jesus, andei no meio duns cuzão, cedi? Não
[Refrão: Adriana Drê]

[Verso 2: Emicida]
Normal, chame radical
Mas não abraço que de ontem pra hoje ser preto ficou legal
Palhaços em festa, raiz cortada
A dor dos judeus choca, a nossa gera piada
Gana mata um clima bucólico, o faz melancólico
Lá fui São Tomé no inferno dos católicos
Claro que o tom soa terrorista
Meu país é um ciclista, fã do filho do Eike Batista
Regra selvagem, merda, paisagem, tensa
Essa densa, onde nada compensa
Pra nóiz contra os boy frouxo
Tira a favela, ela te mostra "50 tons de roxo"
Rejeitados, Groxo, o que gera?
Um estilo torto, mas as pernas do garrincha também eram
Pobre, louco, também pudera
Não quer ouvir groselha, é mó boi tio, não prospera

[Refrão: Adriana Drê]

[Outro: Emicida]
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
[Outro: Emicida e Elisa Lucinda]
O mundo ainda não está acostumado a ver o reinado de quem mora do outro lado da ilusão
A ilusão da felicidade tem quatro carros por cabeça, deixando o planeta sem capacidade de respirar à vontade
A ilusão de que é mais vantagem cada casa, mais carro que filho
Cada filho menos filho que carro
Enquanto eu com meu faro vou tirando onda, vou na bike do meu verbo tirando sarro
Minha nave é a palavra, é potente o meu veículo sem código de barra
Não tem etiqueta embora sua marca seja boa, minha alma é de boa marca
Por isso não tem placa, tabuleta, inscrição
Meu cavalo pega geral, é pegasus, é genial
A palavra tem mil cavalos quando eu falo
Sou embaixador da rua, não esqueço os esquecidos e eles se lembram de mim
Sentem a lágrima escorrer da minha voz, escutam a música da minha alma
Sabem que o que quero pra mim quero pra todo o universo
É esse o papo do meu verso