Projota
Mataram um amigo meu
[Verso 1]
Mataram um amigo meu, isso foi quase agora
Senti que algo ruim estava acontecendo lá fora
Olhei pela janela, uma estrela brilhou mais forte
Sabia que esse não era um sinal de sorte
Telefonema afoito: Atende eu preciso falar
Já era tarde, o olho arde, eu me pego a chorar
Onde é que eu estava, que eu não estava lá?
Corte a minha carne, livre a dele, faça algo pra mudar
Deus, mataram um amigo meu, e ele estava errado
Disse o que não devia, deveu e então foi cobrado
Divida vã, leve o dinheiro, leve tudo
Devolva uma vida e devolva a voz do meu coração mudo
Mudei meu modo de enxergar a vida, o mundo
Mandei meu mal ficar aprisionado lá no fundo
Porque se até meu bem já pensa em matar alguém
Meu mal, porém, já teria matado sem dó, porque
[Ponte]
Mataram um amigo meu e eu até nem sei
Quem tem mais culpa: Quem matou ou eu que não salvei?
Ou o sistema sujo que dá arma "pro" neguinho
Dá miséria e transforma em sangue a água e o vinho?
Transforma em saudade uma amizade sem perdão
Me sinto fraco, perna bêbada, me jogo ao chão
Me benzi, me rendi ali caí em depressão
A vida é um pivete brincando de lego, se cansa, desmonta sem coração
[Verso 2]
Malditos minutos tão tenso, tão frio
Governo escroto, tão mal, tão viu
Plantaram ódio no coração do Brasil
Agora colherão corpos sem vida boiando num rio
A gente dorme achando que está tudo bem
Que a morte é uma amiga distante que promete e nunca vem
Se o inferno existe mesmo, conheço e é aqui
A maldade borbulha e o demônio se orgulha, vi
Quando mataram um amigo meu
Que meu coração tentou parar como se quisesse que fosse eu
Meu sentimento cai sobre o papel
Como a tentativa de que o vento encaminhe ao céu
E essa moda de querer ser mais, querer ter mais
Faz com que a gente se torne tão menos do que fomos lá atrás
Lembro que ele me olhou triste, não percebi
Uma conversa poderia ter te segurado aqui
E ficam fotos e fica o arrependimento, mano
Machista demais para ter te dito que te amo
Olha por mim, porque eu estou precisando
E quando chegar minha hora, me chama pro rolê que digo: Vamos
Um bilhete de adeus em letras garrafais
Uma caixa vazia de comprimidos letais
Finalmente ele encontrou a paz
Assassinado pela sociedade que cobrou demais
Mataram um amigo meu...