Projota
Meninos
Que todos eles me ouçam agora

[Verso 1: Projota]
Se faz a luz, deitado em berço não tão esplêndido
Quanto quer foi escolhido a dedo, alimentado na fé
Seus pés pequenos crescerão, seus atos tecerão
Seus destinos meninos são nossa ressurreição
Obras divinas que portam sonhos e sinas
A nova chance de uma correção, limpeza das latrinas
Um suspiro em meio ao caos, sementes de maus ou bons caminhos
Meninos gostam de meninas, meninos disputam espaço com outros meninos
Donos do mundo e vão cobrar seus inquilinos (né, não?)
Nem todos vencerão o pódio não é grande o bastante
E poucos podem pisar nesse chão, então eles se armarão
Se encherão de vida ou de morte, os com menos sorte cairão
Hoje eu falo de vida pra que vida sejam os meninos
E os meninos sejam bikes nas avenidas

[Refrão]
Tantos meninos vem
Tantos meninos vão
Tantos meninos tem
Tantos meninos não
Tantos meninos sem
Tantos meninos são
A esperança desse mundo sem noção
[Verso 2: Correria]
Sem direito à infância, vivendo na ignorância
Desde cedo lhe tiraram o direito de ser criança
Vivendo então no farol, seja na chuva ou no sol
Não teve oportunidade, são sabe o que é futebol
Se divertir? Hilário! Função? Com os malabares
Cresceu se acostumando em vielas e bares
Habitat normal vem dos seus genitores
Traficante e ladrões que são seus professores
Sua formação ninguém sabe, como será o seu fim?
Certeza absoluta pode ser bem ruim
Queria deixar essa vida, não encontrou a saída
Com certeza mais tarde, outra noite perdida
Alucinado, drogado, menino anda assustado
Não sabe do seu futuro, triste foi seu passado
Não frequentou a escola, não sabe nem escrever
Na minha reflexão, meninos vão falecer"

[Refrão]
Tantos meninos vem
Tantos meninos vão
Tantos meninos tem
Tantos meninos não
Tantos meninos sem
Tantos meninos são
A esperança desse mundo sem noção
[Verso 3: Rashid]
São mais de 12 horas, menos de 12 anos
Pra por 12 molas no pé, de 50 mil manos
Dezenas não, centenas não, milhares que vão suando
Pra alimentar a demanda dos paquitão
Que tão montando império, do sofrimento alheio
Cifrão pra quem explora, e ameaça sem receio
Não dão a mínima, pra quem não tem mais esperança
E apagam o brilho de quem ainda sonha com o recreio
Em vão, sem bolacha na lancheira
Irmão, sem brincadeira, sem rolimã na ladeira
Missão descrição, esquecer o mundo e trabalhar
Saber que tá fazendo o sapato que ele próprio nunca vai usar
Soldadinhos de chumbo em seu posto
Odeia um milhão de pessoas que nunca sequer viu o rosto
A seu posto, se matar parece o melhor a fazer
Impossível! Quem não vive não pode morrer
Então

[Refrão]
Tantos meninos vem
Tantos meninos vão
Tantos meninos tem
Tantos meninos não
Tantos meninos sem
Tantos meninos são
A esperança desse mundo sem noção