Ebony
Poetisas no Topo 2
[Letra de "Poetisas no Topo 2" com Stefanie, Cynthia Luz, Winnit, Ebony, Lourena & Kmila CDD]

[Intro: Stefanie]
Poetisas no Topo 2
Stefanie, Cynthia Luz, Winnit, Ebony, Lourena, Kmila CDD
É nóis

[Verso 1: Stefanie]
Bem puta com esses cara que não assume suas responsa
E não chega nem com uma lata de leite
Clarinha saiu da maternidade sem registro
Com qualquer um não se deite
Me pegaram engasgada
Tô vomitando aqui o que minhas mana 'tão passando
E o troféu de free vai pra toda mãe
Que vive a vida improvisando
Não sei o que me dá mais raiva
O "senta, macaca" pra Sabrina Paiva
Não sei o que é pior, o que mais me frustra
Homenagem feita pro Coronel Ustra
Só sei que é assustador
Cidadão do bem sendo apoiador
De um conservador que conserva a dor
E chama de herói um torturador
Tá tudo errado, pode me chamar de cidadã do mal
Desse lado que fico
Os meus heróis ’tão do lado de cá
E pode pá que não ficam pagando mico
Pastor Henrique, Joice Berth
Djamila, Rúbia Fraga, Estrela D'alva
Sérgio Vaz, Conceição Evaristo
Seria apedrejado se hoje voltasse Jesus Cristo
Nega de argola e trança nagô
Bem pretona, chavona, chegando brutal como a Monna
Sem dono, sou minha própria dona
Vão querer montar se não se posiciona
Dando meus pulo, não pulo de fase
Meu lar é meu mundo, minha família é base
Me condicionando pra ter condição
Uns eliminando pra que eu não me atrase
Sou rimadora do ABC
E há tempos que eu aprendi esse ABC
Então não me atravesse
Você me deixa louca, então cale-se (Hey)
Que eu só quero viver num lugar tranquilo
Com a minha filha e o meu filho
Lucas sumiu depois de uma abordagem
Enquanto tiver preto morrendo, minha rima será de mensagem
[Verso 2: Cynthia Luz]
Só lamento todas as vezes que fiquei calada vendo destroços
A cada verso uma lembrança que me machucou, mas me fez mais forte
Eu acredito na minha sorte, eu vejo histórias que doem na alma
Mas não sei nada do que sentiram e por isso canto pra ecoá-las
A liberdade não pode deixar de ser, a maldade não vai te enxergar
Ei, menina, não deixa o medo te ver, não deixa o medo ver
O que te segura no chão, o que te disseram pra te amargar
A luz do seu corpo é tudo, tudo, não deixe o tempo tocar
Faz a própria hora, fase mole, abraça, tudo é hoje
Agora é o fim do mundo, amar é seu poder
Ser mulher é como um milhão de segredos
Em um mar cheio de medo, tudo é teu por merecer

[Interlúdio 1: Winnit]
Ahn (Ahn-ahn)
Então tá bom, então tá bom
Okay
Na real, 'cê precisa disso?
Na real, ’cê precisa disso?

[Verso 3: Winnit]
Piscou, perdeu, rodou, filho, rodopiou na minha mão
Comigo é fato com base, e na base, informação
É que já tá na rotina e na retina da nação
Que o mal do mano é ler a mina e reduzir ela a textão
Me testaram a febre, Deus me julga na postura
Ninguém vai na tua goma saber se falta mistura
A mão balança o berço, reza o terço, faz a hora
Também liga trinta vezes caso esteja preocupada
Se tem um pressentimento, vai te pedir pra ir embora
Se precisar, te busca no pico de madrugada
Antes era cozinha, mal era alfabetizada
A liberdade a ela, há muito tempo, foi negada
Uma mulher na estrada, uma mulher na estrada
Pra calar o seu "psiu", ela partiu
Só que, dessa vez, da faculdade pra balada
Ó, Pátria amada de filhos abandonados
Mulheres e mães solteiras vivendo como tem dado
Ó, Pátria armada, fruto do patriarcado
Que quer defender o ventre e não o corpo violado
Em nome da mãe, da vó, da tia
Ágatha, Claudia e Sofia, Penha, Iza e Anne Maria
Eu sou o fruto gerado do ódio projetado
Pois se não fossem vocês, Winnit não existia
[Verso 4: Ebony]
Mudando essa porra de dentro pra fora (Fora, fora)
E ninguém tá entendendo por que tô aqui (Yeah, ahn)
E todo mundo sabe que eu já tava morta
Se eu fosse esperar tu vir fazer por mim
Não quero problema, eu quero dinheiro
Não quero ter um homem, eu quero um carro
Quem sabe ser vista com um n***a maneiro
Sentar na Jacuzzi, minha mãe em Dubai
Mostro foto, mostro fato
Tu não aceita que eu sou linda, que eu sou linda
A pele preta é tipo a noite
Eu me sinto igual Lupita, igual Lupita
Eu tenho marra porque eu posso
Eu não forço simpatia, simpatia
Quando eu tava no corre
Tu não queria ser cria, né?

[Interlúdio 2: Ebony]
Não há mais espaço pra nenhum tipo de preconceito
Ou você tá com a gente ou você tá contra

[Verso 5: Ebony]
Inspirando manos, inspirando minas
Que curtem ouvir o meu som
Pegando o dinheiro dessas patricinhas
Que odeiam, mas vão no meu show
Não esquento a cabeça com porra nenhuma
Agora eu só vivo em slow
Me encontra na pista mandando passinho
E acertando todos, wow
Chamei os meus crias, eles já brotaram
Trazendo aquele do bom
Usando as coisas sem que elas me usem
Pode mandar vir um balão
Pois desde criança minha mãe me dizia:
"Minha filha, você tem o dom"
Eu não entendia, mas agora eu vejo
Tudo que eu faço sai bom
[Interlúdio 3: Lourena]
Sabe aqueles dias que você acha que nada vai dar certo?
Que é melhor desistir e que não tem mais jeito?
É aí que 'cê tem que lutar
É aí que você tem que dar o melhor de você
Até essa merda uma hora acabar

[Verso 6: Lourena]
Minha voz não vai se calar até que suas armas se calem
Eu não abro mão da missão enquanto seus tiros matarem
Se eu olho no olho, então me diz, quem são os covardes?
Paga pra ver, tô nessa porra aqui até morrer
Minha voz não vai se calar até que suas armas se calem
Eu não abro mão da missão enquanto seus tiros matarem
Se eu olho no olho, então me diz, quem são os covardes?
Paga pra ver, tô nessa porra aqui até morrer
E Laroyê Exu, eu vim de lá também
Trazendo o amor e a justiça à terra de ninguém
Pergunte a Deus por quê e ele mostrará
Que a verdade é o caminho, ela te salvará
Tem vários mandado fingindo chegando ser meu aliado
Mas eu tô pegando a visão
Passa batido, mas tu não passa do chão
E eu quero ver qual vai ser, a lei maior é uma só
Tudo que planta se colhe e eu quero ser bem melhor
Ei, menino, por que tá chorando?
Não refaça as malas, faça novos planos
Quando você ver, já tá acabando o ano
E o que você fez? Nada tá mudando
E o que eu quero é poder caminhar
Liberdade e ter minhas raízes em qualquer lugar
Ser feliz e poder ter minha filha, família
Isso conquista e nada me para
Nada me para
Nada me para
Nada me para

[Interlúdio 4: Kmila CDD]
Kmila CDD tá na área
Agiliza, mais uma poetisa

[Verso 7: Kmila CDD]
Chego de salto, tomo de assalto
Com munição pra trocar (Plá)
No morro ou no asfalto, mirando alto
Viemos pra dominar
Tive que resistir para não desistir
Fui ocupar meu lugar
Com dignidade pra evoluir, melhor não desacreditar
Eu não sou nova na cena, eu sou cascuda
Contra o mau olhado, levo um galho de arruda, muda
Eu não fico, me dedico ao meu crescimento
Menina dando chilique não tá ligada no procedimento
Não sabe de nada, do caminho percorrido
Se eu não tivesse lutado, talvez não teria vencido
Hey, mas venci, tô aqui, tô de pé (Não, não)
Não subestime meu potencial, tu tá ligado que eu sou mulher (Né?)
Eu não sei se vão gostar (Não), também não quero saber (Yeah)
Tenho minha convicção (Sim), aprendi na CDD (Foda)
20 anos de carreira (Preta), tem meu nome na história (Kmila)
Várias noites sem dormir (Foda), trabalhando minha vitória
Experiência na pele, preta cabulosa
Na caminhada africana me sinto orgulhosa
Pra quem não sabe viver, às vezes a vida ensina
Se a gente chega no topo, então respeita as mina