Antes de tudo, obrigado
Por teres estado do meu lado
E ter dado força pra um gajo entrar na morgue
E encontrar a morte
De quem me deu a vida
Dona Clementina João Almeida Pascoal
É o seu nome
Deste força pra ligar pra casa
E lentamente matar a família pelo telefone
Por iluminares o caminho que trilho
Por dar saúde aos meus filhos
Pelo brilho que deste ao puto que vivia de trocos
Hoje vive de trocadilhos
Por me ensinares a perdoar aqueles que apontam
E segregam
Que com a maldade se drogam
Na mentira se afogam
E não praticam aquilo que pregam
E o que chamam de amor é brincadeira
Quando crianças passam fome
Com isso, não se importam
Não se revoltam
Depois é suposto morrer pela bandeira?!
E quando fui atrás do pão no huambo
Cunene e Malanje
Vi que a minha angola já não tem guerra
Mas também vi que angola ainda não tem paz
Vi que o cabo-verdiano, o angolano e o guineense
São bem-vindos
Ou melhor recebidos
Na europa, quando a economia em África cresce
É interesse
Vi que o resto ao lado passa
Quando o assunto é caça à massa
A grana
Vi desgraça no olhar das crianças
Só vi uma raça
A raça humana
Que é a que ganha
Com essas mortes na cadeia
Com os atentados em Espanha
E o mundo com medo do norte da Coreia
E a minha pele castanha é castigada
Com o suporte da assembleia
Eu vi a justiça a voar
Ela foi com os ventos fortes da madeira
Se é luta mano, eu tou nisso
Minha palavra, minha honra, compromisso
Minha arte, minhas rimas, meu flow nisso
Babe, o padrinho e o pro nisso
Tornei-me um pro nisso