[Letra de "De Repente"]

[Verso 1]
Quer dizer que eu (bu!) assustei-te
O teu complexo é desfeito
E aí começa o respeito
Jovem com talento sonha alto
Se o meu som é abrangente, de repente é sell out?
O pessoal fica mal agradecido
Mas se eu falo de repente, já sou bué convencido
Já não há mixtapes p'a um MC que semeia, pesquisa, que fez
Tu já não o vês
Já não grava a rádio e toda gente grava CDs
Já não há o culto de ouvir a Antena 3
(E os MC's?)
Perderam o amor, rendem-se à qualquer valor
E aquilo que eram contra, são a favor
Biters evoluíram
'Tão tão à frente que "baitam" cenas que ainda nem saíram
(What?)
De repente eu rebento, eufórico
Boy económico, cheque cómico
Que nada me rendeu

[Interlúdio]
Tou!?
G boy, agora tou aqui, 'tou no—
'Tou a gravar uma cena boy
'Tou a aqui, 'tou a gravar
[Verso 2]
Todas as editoras já querem por as mãos à obra
E um pobre amador sobe o valor que cobra
Fica cínico, hipócrita e ensina-me que é só fita
À mínima dica insólita
Hábitos súbitos
Vêm rápidos estúpidos
E fazem com que o duvides de ti
E como eras antigamente
E de repente evoluis e concluis que é normal no teu crescimento
Já não és adolescente
Vais ser pai por acidente d'um canuco
A mãe fodeu com toda gente
Muda o teu temperamento
Já não és coerente na paz, ficaste violento
Estás carente e trais por trás
E à frente dás sinais de entrega
E negas quando sais e p'ra onde vais
O amor foi-se e eu já não oiço "amo-te"
E o tempo que nos trouxe tanto
(Ficou) Desinteressante
A morte chama-te e é quando te ausentas
De uma vida que nem chegou aos "entas"
O que é recente vai ficando grisalho
E o que era quente precisa de agasalho
E num ensaio de ideias bloqueias em linhas, tinta permanente
E abandonas a que tinhas de repente