[Verso 1]
Depressão transparente, mas leve
Se o mundo é calor, eu encontro-me na neve
A razão, não encontro, mas pretendo encontrá-la
Vozes que me tocam, mas nenhuma delas fala
Excepções que se encontram juntas da personagem
Desconfio qu'a razão se encontra na viagem
Será mesmo a viagem ou será o passageiro?
Será aquele que é amigo, mas é interesseiro?
No concreto, o sintético é invisível
Quando o abstracto é bem mais acessível
O intervalo surge
À espera do novo início
Já não há união e a união faz o vicio
Olhos nos olhos, num discurso bem suave
Queres abrir a porta, mas não encontras a chave
O medo é imenso, o estado é intenso
Palavras que se juntam
E não fazem nenhum senso
Fala a resposta, que encosta a pureza
A beleza da vida já não é uma certeza
Já não sei se isto é uma atitude bem humana
Porque as promessas surgem de semana em semana
O que é isto que eu vejo? O que é isto que eu sinto?
Imagino quadros que eu não tenho e que não pinto
O que vou dizer, agora só vou dizer uma vez
Tudo o que digo e escrevo é de profunda lucidez
[Scratch]
How real is that?
[Verso 2]
Custa-me tanto a passar tempos quando eu sou o culpado
O sangue é inocente e é bem sacrificado
Angústia puxa a verdade no momento errado
E aquela festa mental já não está no mesmo estado
Momentos fatelas são momentos frontais
Tipo teres de encarar os teus pais com sinais
De inocência mas inocência verdadeira
Aquela inocência, que de mental, é inteira
Mas de física tem muito pouco
Ouves o que digo e vais-me achar mais um louco
As leis são fortes demais para quebrá-las facilmente
E a verdade que entregas é transparente
Se és de aço, quebras; se és de papel também
Quando toca à verdade, não falha ninguém
E ainda bem, que o destino quis que assim fosse
E como se costuma dizer: era bom, mas acabou-se
Achas falso eu ser verdadeiro
Achas-me um pesado quando eu sou um ligeiro
O dia inteiro, a vida toda, prometo-te
E tudo aquilo que tu fazes, eu percebo-te
Pelas desilusões, pelas tuas ambições
Num mundo em que não havia confusões
Há situações em que não estou à vontade
Mas eu hei de sempre viver com a verdade
[Scratch]
How real is that?
[Verso 3]
Não me interessa o que pareço, interessa-me o que sou
Nem me interessa como ou quem me avaliou
Procurando o ego, sem um mapa e sem guia
Para o conseguires, tens de ter a mente vazia
Cria o abstracto, o sem tremor
Sem preconceitos e sem um receptor
Expressando o que sinto, é como me safo
É mais do que um som, é um desabafo pessoal
A um nível inidentificável, original, muito mais do que razoável
Tantas questões, tantas verdades para resolver
Lutar por lutar, viver por viver
Tenho Hip Hop na veia, porque é o que me rodeia
Sangue infinito. tipo na praia os grãos de areia
Como é que isto se cria, como é que se origina?
Não acredito em videntes porque não se lê a sina
Podes chamar-lhe de "estranho", mas não de "baboseira"
Apenas não quero que tu percebas à primeira
Chama-lhe sensato e eu não refilo
Não esperes a mudança porque este é o meu estilo
[Scratch]
How real is that?