Léo Casa1
Sacrifício
[Verso 1: Kivitz]
O pior dos piores
Eu, o mais falso entre os falsos
Meu pai me perdoa, mas se é de verdade essa porra, eu só entro descalço
Deixei minha sandália lá fora, e a mentira do hype
Caí de joelhos, lembrei que sou pó, antes de ligarem meu mic
Eu venho em nome dos sem nome
Trago notícias do front
Trago sua dose num copo
Do sangue puro da fonte
No meu já falido corpo
Trago uma fração do sopro
Que colhi pelo caminho
Da minha relação com loucos
Com escravos que foram soltos
Com velhos que foram outros
Sábios tratados como monstros
Trago o mel desses encontros
Trago a dúvida da fé em si
A oração que sobe torta
O silêncio da resposta, que
Corta, confunde e conforta
Eu trago as dores dos cantores
Toda solidão do palco
A ilusão dos camarins
E os rins marcados pelo álcool
Trago aqui só o que de mim restou
Ai de quem conhece quem eu sou
Mas sei bem pelo que vim, enfim
Pelo vento até o fim que vou

[Verso 2: Keops & Raony]
Sabe quando o peito bate?
Sabe quando o peito bate?
E todo tempo do mundo cabe num segundo
É a fé, é um surto, e a boca chama por milagres
Os dentes da fome, os dentes do medo
Juntos latem face a face
E não há nada que me faça
Recuar nesse combate
É que eu vim do Nordeste, menor
Na boleia de um caminhão
Famílias e famílias, por milhas e milhas
São sonhos e sinas e histórias de superação
Iguais a mim também
As mesmas cicatrizes
Nós somos o movimento
Nós somos o movimento
Só quem passa necessidade sabe
Só quem passa necessidade sabe
Só quem passa necessidade sabe
Sabe quando o peito bate

[Verso 3: Inglês]
Internos sem regalias
A cada passo me aprisiono num nítido flash de idiota
Idolatria doma a língua
E livremente a terra gira, atrita com meu ego
Erro interno, mas eu supero
Sistema laico sorri pra mim toda manhã
É a manhã, irmã resenha Sá
Bem vindo ao seu divã
Fique calado enquanto moldando sua alma
Te reparam, repara, para, toda loucura é rara
Eu vejo como te sangram, é sem amor
Agora vi, o bloco de notas é parte do complô
Se perdeu, comprou
Loteado por ser nobre, verdade
Coisa que homem branco não se envolve
Geral breca, trava, fala, sem visão
Vende até Meca, meu rec é clave
Os verso crava, tipo o conto de Davi
Venci o deserto do Saara
Fazendo o som que sara
No grave dos Opala
Explana ideia, odisseia nossa
Minha resposta e nada para
Uma mente que se abre é um portal que se renova
Nunca em mãos opostas, vendo jóia rara
Como aprendi com quem cheguei até aqui
Na verdade me perdi na busca do eu, progredir
Nessas milhas que não volta, a saga que sabota
Mas sigo a cultura como proposta
[Verso 4: Rincon Sapiência]
Portando casacos e chapéis
Portando correntes e anéis
Colocando recheio nos papéis
Check-in, check-out nos hotéis
Misturo leituras e minhas vivências
E sigo fazendo meus coquetéis
Microfone abrindo caminho
Nos conto da Bíblia seria o Moisés
Mar vermelho se abre, abre
Quando eu levanto o cajado-jado
Várias mentes se abre, abre
Quando eu mando meu recado-cado
Tipo o Dentes de Sabre, sabe
O oponente rasgado-gado
Papo reto, sem falsa humildade
Nos negam espaço, seremos forgado
Atrasa lado nem vem
Quando é papo de grana, c'mon, c'mon
Herdeiro do ouro, sou faraó
Eu tô na picadilha Tutancâmon
Tá bem, tá bem
Tá bom, tá bom
Garoto maroto, Alcione
Meu segundo nome não é Corleone
Mas na assinatura eu tenho dom
A dama ligou, quer um vinho
Peguei a garrafa, levinho
Olha a explosão, Kevinho
Marolar, marolar, pique Livinho
Filho do rap, sobrinho do punk
O funk: o irmão caçula
Do rap passeio no rock
É tipo um transplante de medula
Uau